Contas feitas… o Partido

Ivo, como tantos outros jovens durante o período da ofensiva antipopular das troikas estrangeira e nacional em Portugal, foi forçado a emigrar. Não havia perspectiva de emprego com direitos, de evolução profissional, de alcançar os caminhos que lhe permitiriam começar a construir uma vida própria, plena sem a permanente sensação de «corda ao pescoço». Partiu para a Alemanha e na conversa com o «Avante!» nunca se referiu à experiência de cerca de três anos como «uma oportunidade», como então fazia Passos Coelho, o primeiro-ministro que «esfolava» o povo e os trabalhadores e incitava os mais jovens a partir para lhes não sentir a contestação e lidar com a revolta.

Ao «Avante!», Ivo nunca recordou esse período como «uma oportunidade», mas não é difícil aceitar que tenha aprendido muito, vivido tanto que o enriqueceu e moldou. A verdade é que regressou logo que pôde, «quando com a “geringonça” as coisas começaram a melhorar um pouco, quando houve um certo alívio». Seguro, igualmente, é que uma das primeiras razões que indica para, no final do ano passado, ter decidido aderir ao PCP, é o facto de ter constatado nestes poucos anos de percurso adulto pelo «mundo do trabalho», que «Portugal foi sendo impedido de produzir riqueza. Apenas serve para formar e exportar mão-de-obra para as potências da União Europeia», precisa Ivo.

Hoje, com 30 anos, trabalha como contabilista numa multinacional. Não é essa a sua formação inicial. É um trabalho remunerado que se consolidou como meio de subsistência, de que não desgosta e para o qual até investiu nalguma formação superior. Mas o que o apaixona são as artes plásticas e a pintura em particular. Pelo que, a par de exposições e mostras que promove, dedica uma parte do tempo que lhe resta após vender a sua força de trabalho, a lutar por melhores condições para agentes e criadores culturais, por uma política que coloque a cultura como uma dimensão central num País de progresso social e desenvolvimento soberano, componente do projecto de uma Democracia Avançada, proposto pelo PCP, que Ivo sublinhou, mais do que uma vez, como justo e necessário.

Quem nas contas deitadas à vida também encontrou o Partido foi Guadalupe. Como Ivo, é contabilista e vive na margem Sul do Tejo. Migrou, mas para a margem Norte por razões profissionais. Após o regresso ao concelho que foi sempre o seu, aderiu ao PCP.

O Partido não é, nunca lhe foi estranho nem afastado. Com um avô militante e familiares que nutriam simpatia pelo Partido ou eram, a espaços, activistas eleitorais, Guadalupe sempre manteve uma proximidade e identificação com a intervenção e projecto comunistas. O percurso profissional encarregou-se ainda de lhe mostrar o escândalo, repetido e repetido, que é o contraste entre os benefícios atribuídos ao grande capital e os salários miseráveis pagos aos trabalhadores.

Nas últimas eleições autárquicas, foi desafiada a reforçar a sua participação. Descobriu formas de funcionamento, condutas, propostas que confirmaram tudo o que sempre a manteve como votante do PCP. Decidiu aceitar o convite para se tornar militante e actualmente integra uma organização local, dedicando-se sobretudo à intervenção autárquica junto da juventude.



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