NATO reafirma militarismo e promete mais ingerência
Lisboa acolheu, no dia 11, a 67.ª sessão anual da Assembleia Parlamentar da NATO. Sem surpresa, visou sobretudo a Rússia e a China e a ameaça que colocam à hegemonia do imperialismo, principalmente do norte-americano – do qual a NATO é desde há mais de sete décadas o principal braço armado.
Defendido pelo próprio secretário-geral, Jens Stoltenberg, foi o «aprofundamento do relacionamento» da NATO com países do Indo-Pacífico, como a Austrália, o Japão ou a Coreia do Sul, pois é aí que cada vez mais se focam as atenções dos EUA, empenhados em cercar militarmente a China para condicionar o seu desenvolvimento e afirmação internacional: era assim com a anterior administração e é assim com a actual.
Não é de estranhar que se tenha tentado acalmar a França, que há semanas pôs em causa o AUKUS – acordo militar celebrado recentemente entre a Austrália, o Reino Unido e os EUA – devido à anulação de um contrato para venda de submarinos ao país da Oceânia. Stoltenberg fez questão de garantir que tal acordo não é contra a NATO ou qualquer um dos seus membros, e nisto tem razão: é claramente contra a China.
Anunciada na reunião de Lisboa foi a criação de um Centro de Resiliência Democrática, dentro da NATO, com o proclamado propósito de «apoiar os aliados a fortalecer os seus sistemas e instituições democráticas». Conhecendo o percurso da NATO, não é difícil antecipar do que verdadeiramente se trata: ingerência, propaganda, militarização de crescentes esferas da vida social.