Forças progressistas apoiam mudanças e denunciam manobras golpistas no Peru
A Frente para a Democracia e a Governabilidade do Peru apoiou as mudanças ministeriais decididas pelo presidente Pedro Castillo como medida política para fazer frente ao plano desestabilizador da extrema-direita.
O apoio é confirmado num comunicado da Frente, que agrupa as organizações políticas Peru Livre, Novo Peru e Juntos pelo Peru, entre outras forças partidárias; organizações sindicais, como a Confederação Geral de Trabalhadores do Peru e a Central Unitária de Trabalhadores; e movimentos sociais.
O texto destaca os anúncios do presidente peruano sobre reformas na agricultura, na fiscalidade e nas leis laborais, e sobre a renegociação dos contratos de exploração de gás visando mais benefícios para o Estado e melhor abastecimento à população. Destaca que tais medidas evidenciam que está em marcha o Plano Bicentenário [da independência do Peru] pelo qual votou a maioria ao eleger Castillo, «o que permitirá acabar com os privilégios dos grupos de poder económico e político».
O comunicado realça que a recomposição do governo, agora liderado pela primeira-ministra Mirtha Vásquez, é uma resposta política a favor da democracia e da governabilidade, face ao plano desestabilizador da direita, que procura afastar o presidente sem se importar com a crise sanitária, económica e social.
«O caminho escolhido pelo presidente Castillo merece o nosso decidido apoio; expressa um claro rumo alternativo ao curso do ultraliberalismo excludente que prevaleceu nas últimas décadas», afirmam as organizações progressistas. Acrescentam que o novo rumo exige transformações de fundo, entrelaçadas com um processo constituinte e um novo Pacto Social, e deve ser impulsionado de forma unitária e massiva. Defendem que o diálogo social deve desenvolver-se nos âmbitos local, regional, sectorial e nacional, entre autoridades governamentais e organizações sociais, laborais, políticas e económicas, «para construir um Peru justo, livre, soberano, próspero e solidário, sem violência nem corrupção». E desafiam o Congresso da República, influenciado pela direita, a que ponha de lado o obstrucionismo, parte de um plano golpista face ao qual não se pode baixar a guarda.
A advogada e ex-presidente do Congresso Mirtha Vásquez foi empossada como primeira-ministra do Peru, no dia 7, no Palácio do Governo, em Lima, após a renúncia do seu antecessor, Guido Bellido. O presidente Castillo aceitou a sua demissão «para garantir a governabilidade do país».
No novo governo, mantém-se nos seus cargos a maior parte dos ministros. Foram substituídos os responsáveis das pastas do Interior; da Educação; da Cultura; do Trabalho; da Produção; e da Energia e Minas.