Comunistas libaneses contra governo dos bancos e do capital
A propósito da profunda crise política, económica e social que afecta o Líbano, o Partido Comunista Libanês (PCL) voltou a defender o fim do actual sistema governamental em que é dominante o «partido dos bancos e do capital».
Numa declaração sobre a situação prevalecente com a formação do gabinete do primeiro-ministro Najib Mikati, o Bureau Político do PCL considera que qualquer governo que não esteja fora do sistema que levou o Líbano ao colapso é «um governo fracassado e incapaz de fazer face às diferentes crises que o país enfrenta, e enfatiza que «o povo libanês é o único a ter a solução».
Para os comunistas libaneses, a lógica das quotas confessionais em vigor desde os acordos de Taef, em 1989, até hoje, com todas as crises que acumulou, confirma que o país enfrenta uma «crise política sistémica». Nenhum governo poderá agir sem derrubar antes o sistema político existente, sublinham.
«O maior partido deste governo é o partido dos bancos e do capital, que é a representação das seitas e dos partidos no poder, quaisquer que sejam as suas cores, e isso indica a direcção que seguirá o governo. Ele atacará o povo libanês em geral e fará o povo pagar os custos do colapso do Líbano, para proteger os interesses dos multimilionários, dos banqueiros e dos grandes proprietários», realça o PCL.
De acordo com a declaração, o primeiro-ministro Najib Mikati – um dos homens mais ricos do Líbano – deixou clara no seu primeiro discurso a adesão às políticas liberais e «apelou ao povo libanês a “apertar o cinto”, como se este pobre povo, cuja dignidade é diariamente atingida, fosse responsável pelo colapso ou pelas suas causas», ao mesmo tempo que iliba os principais beneficiários das políticas económicas e monetárias destas últimas décadas.
Denunciando o actual sistema político libanês, que encoraja a fuga de capitais para o estrangeiro e protege as grandes fortunas, o PCL diz que o pedido de empréstimos junto de organizações internacionais e árabes empurra os libaneses para o exílio e esmaga o poder de compra e o consumo local.
«Tendo em conta a persistência das autoridades em negar as consequências das suas políticas fracassadas, e para que o povo libanês não tenha de as pagar, o PCL insta o fim deste modelo de governação através de um programa de mudança. Hoje, todas as forças da mudança devem trabalhar numa frente ampla para o fim do actual regime de quotas para cada confissão religiosa – insistem os comunistas libaneses, pugnando em fazer do Líbano um país soberano, laico e moderno.