Um percurso centenário pela democracia cultural

Jerónimo de Sousa inaugurou, no passado domingo, as exposições 100 anos de luta no distrito de Lisboa e Artes Plásticas – 100 anos, 100 artistas, que estarão patentes até 30 de Abril na Gare Marítima de Alcântara.

Muitos foram os militantes, amigos e artistas que, com o seu trabalho, dedicação e engenho, contribuíram para a construção das exposições que se colocam como importantes elementos do programa de comemorações do centenário do PCP no distrito de Lisboa. Duas exposições – às quais se junta uma terceira, no Porto – que assinalam um percurso centenário na defesa da liberdade, do progresso, da democracia e que apontam um caminho de futuro e de confiança.

A exposição 100 anos de luta no distrito de Lisboa foi a primeira a ser percorrida pelos visitantes na tarde de domingo, 11. No conjunto das matérias expostas, vários painéis desenvolvem a história geral do Partido, a sua natureza de classe e objectivos de luta, enquanto que diversos materiais expostos relacionam vários momentos específicos da luta dos trabalhadores e da população de Lisboa com o desenvolvimento da própria organização partidária no distrito.

Uma mala e um alicate utilizados pelos cobradores da Carris aludem à greve da mala dos anos 60; uma vasta colecção de autocolantes e postais revelam a variedade, diversidade e quantidade de iniciativas e campanhas dinamizadas pelo PCP ao longo dos anos; uma bandeira onde se lê Avante o Comunismo/ abaixo o Salazarismo, ali exposta, foi hasteada no castelo de Torres Vedras no 1.º de Maio de 1963.

Já na exposição Artes Plásticas – 100 anos, 100 artistas, a variedade de estilos, géneros e técnicas criativas acompanhou o número de obras e artistas expostos. Mas algo diferente não poderia ser esperado de um espaço em que «convivem artistas de gerações diferentes e percursos muito diferenciados» e em que «coexistem técnicas e tipologias das mais diversas», como observa Manuel Augusto Araújo no próprio catálogo da exposição.

Construção colectiva

Na sessão que marcou o momento inaugural, Miguel Soares, membro do Comité Central, foi o primeiro a usar da palavra. «As exposições que aqui hoje inauguramos ilustram a força deste colectivo», afirmou, lembrando todos aqueles que se empenharam na elaboração daquele momento, desde o processo de discussão das comissões organizadoras, da confecção de refeições de apoio e da construção do espaço, até ao contacto com os artistas e o transporte das suas obras.

A concretização de uma grande realização cultural como aquela, «é elucidativa do papel da cultura e democracia cultural na concepção de sociedade defendida pelo PCP», acrescentou ainda o dirigente depois de sublinhar a diversidade do conjunto de artistas que ali aceitaram expor as suas obras.

Combater o travão à cultura

Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa considerou as exposições ali inauguradas uma manifestação concreta de uma ideia que é «coerente com o longo percurso do PCP em defesa do património cultural e da democratização da cultura», particularmente num tempo «em que as actividades ligadas às artes enfrentam e se confrontam com os excessivos rigores do confinamento sanitário».

No entanto, os problemas com que os artistas hoje estão confrontados não resultam apenas da epidemia. Como observou o Secretário-geral, «o surto do coronavírus evidenciou as enormes fragilidades estruturais do mundo do trabalho artístico e cultural», que já vinham de trás. Na óptica do PCP, a cultura em Portugal, tal como outras áreas, tem vivido um período marcado por uma acentuada elitização, privatização e mercantilização, em que a arte é concebida como apenas mais uma área da actividade económica.

«Há muito que o PCP vem chamando a atenção para a urgência de se romper com a política de direita de desresponsabilização e asfixia financeira, de esvaziamento e secundarização da cultura», afirmou Jerónimo de Sousa.

No plano do impacto da pandemia no País, «combater a paragem das actividades artísticas, assegurando os meios financeiros para que elas se possam até multiplicar com toda a segurança sanitária», tem sido, entre outras, uma das preocupações mais prementes dos comunistas e, até, objecto de uma proposta aprovada no Orçamento do Estado.

 

Mergulho na história do PCP no Porto

O belo espaço do Palacete dos Viscondes de Balsemão, no Porto, acolhe até ao dia 15 de Maio uma exposição evocativa do Centenário do PCP, resultante de uma parceria entre a Direcção da Organização Regional do Partido (DORP) e o Museu da Cidade.

Apresentando uma visão global dos principais momentos da vida do Partido, a mostra constitui um autêntico mergulho no arquivo regional do PCP, apresentando muitos documentos nunca antes exibidos, incidindo fundamentalmente nas lutas e nos acontecimentos ocorridos no distrito do Porto e no Norte do País.

A exposição, inaugurada no passado dia 8, pode ser visitada de terça-feira a domingo: aos dias de semana entre as 10h00 e as 17h30 e aos sábados e domingos entre as 10h00 e as 12h30.

 

100 anos de luta em póster

No âmbito das comemorações do Centenário do PCP, procedeu-se a uma impressão com novas características do póster distribuído com o número do Avante! de 4 de Março de 2021, que passa a estar disponível agora numa edição especial.

Serão editados 1000 exemplares, com o formato 80x28 cm, impressos a cores em papel couché mate de 350 g, entregues em embalagem cartonada e plastificada para protecção, com o preço de 5,00 euros.

Sob o lema Liberdade, democracia, Socialismo – o futuro tem Partido, o póster celebra a luta do povo, as conquistas de abril e o papel do colectivo partidário na afirmação dos direitos e de luta pela democracia e o socialismo, ontem como hoje. São 100 anos de uma história ao serviço do povo e da pátria, que urge afirmar e que desta forma se reitera e projecta no futuro.

O póster vai estar disponível nas organizações do Partido e nas Edições Avante!






Mais artigos de: PCP

Aquém das potencialidades

No dia 7, Jerónimo de Sousa visitou um dos três centros de vacinação contra a COVID-19 no concelho do Seixal, instalado no novo Pavilhão do Portugal Cultura e Recreio, na freguesia da Arrentela. Naquele concelho da margem Sul do Tejo, têm sido vacinadas mais de 450 pessoas por dia, mas a...

Decisão inexplicável

O deputado do PCP no Parlamento Europeu, João Ferreira, questionou a Comissão Europeia acerca das negociações bilaterais em curso, e da possível negociação conjunta ao nível da UE, para a diversificação das opções de compra de vacinas. Numa pergunta escrita, colocada no dia 8, o deputado comunista requer da Comissão...

PCP contra a exploração pelo emprego e os direitos

Arranca esta semana, em todo o País, uma campanha do PCP contra a exploração e em defesa do emprego e dos direitos, que assenta no contacto directo com os trabalhadores nas empresas e locais de trabalho.

Operação Marquês: reavivar memórias

A decisão instrutória do processo judicial da chamada Operação Marquês (que envolve, entre outros, o ex-primeiro-ministro José Sócrates), proferida no final da semana passada, está a dar que falar. Às justas incompreensões de uns, somou-se toda a espécie de aproveitamentos por parte daqueles que, de modo mais ou menos...

Sandra Pereira em contactos em Coimbra

A deputada do PCP no Parlamento Europeu, Sandra Pereira, realizou recentemente um périplo pelo distrito de Coimbra, visitando a Cofisa, empresa conserveira na Figueira da Foz. A eleita comunista, acompanhada por uma delegação da comissão concelhia e eleitos na assembleia municipal, ouviu os principais problemas do...

Em Faro, as metas estão à vista

No concelho de Faro, como na restante região algarvia, a Campanha Nacional de Fundos O Futuro tem Partido caminha para o seu desfecho com total confiança no cumprimento dos objectivos definidos.

Defender a água pública no Alentejo

Acompanhado pela presidente da Câmara Municipal de Arraiolos, Sofia Pinto, e por um representante da Associação de Regantes do Divor, João Oliveira visitou, dia 26 de Março, a Barragem do Divor. No centro das preocupações do deputado e membro da Comissão Política está a capacidade da infra-estrutura para responder à...

Faleceu Deolinda Franco

Faleceu, com 93 anos, Deolinda Franco, costureira de profissão, membro do PCP desde 1955 e funcionária desde 1957. Participou no MUD Juvenil de 1948 a 1955. Já como funcionária do Partido assumiu tarefas diversas no período da clandestinidade, na zona do Algarve e em Lisboa. Já depois do 25...

Os censurados do costume

Desde que o processo de aprovação, compra e administração das vacinas contra a COVID-19 se iniciou, no final do ano passado, que o tema tem ocupado lugar de destaque em quase todos os espaços noticiosos. A vacinação é determinante para o combate à epidemia, justificando o escrutínio dos vários problemas surgidos no...