Debates e manipulação

O frenesim mediático em torno dos debates televisivos entre os candidatos às eleições presidenciais começou. Depois de longos meses a ignorar cirurgicamente quase todos os candidatos, não há jornal, rádio ou televisão em que, por estes dias, não se multipliquem as análises, os comentários, os rankings, as pontuações, todas elas mais à procura dos vencedores e dos vencidos do que dos conteúdos dos debates.

Há muito que tem sido assim e há muito que estes espaços ocupam um papel determinante na deformação das opiniões à escala de massas. Todos vemos um debate, mas depois somos brindados com uma qualquer parelha de profissionais do comentário a travestir o que se passou. Particularmente em televisão, é extraordinária a eficiência com que minutos depois de terminado um debate está alguém a transformá-lo noutra coisa. Ainda mais extraordinária é a forma como a partir do momento em que alguém define o tom a usar, decide quais os momentos marcantes e, principalmente, quem ganhou e quem perdeu, são raríssimos aqueles que ousam dizer diferente.

Foi assim após o debate entre João Ferreira e o grosseiro representante dos interesses do grande capital Ventura. Depois daquela meia hora em que Ventura experimentou vários tons de desrespeito e má educação, com a lamentável ajuda da moderação da TVI, houve quem conseguisse retirar como conclusão do debate que Ventura ganhou porque foi o mais eficaz – leia-se, a destilar ódio. Ventura não respeitou nada nem ninguém naquele debate, mas fê-lo eficazmente, dizem, e aparentemente isso merece aprovação dos manipuladores de opinião.

Mas logo dois dias depois, a mesma trapaça repetiu-se com o debate entre João Ferreira e outro dos candidatos alinhados com os grandes interesses, Marcelo Rebelo de Sousa. Este foi o único debate em que o candidato Marcelo foi confrontado com as opções de classe que assumiu no exercício dos poderes presidenciais no actual mandato. O que se disse do debate logo que terminou?

Centremo-nos apenas num exemplo: o par que esteve a fazer a análise na SIC Notícias. Graça Franco (a mesma que revelou uma inusitada fixação na caracterização de Putin na entrevista de João Ferreira ao Público/Renascença), revelou que não estava em estúdio para comentar ou analisar o que quer que seja, mas para elogiar Marcelo e, acima de tudo, fazer a crítica mais primária a João Ferreira. O ódio mal disfarçado que já tinha marcado a entrevista, voltou naquela noite. À sua frente, Pedro Marques Lopes conseguiu ver em João Ferreira uma postura reverencial que mais ninguém viu. Para o desmentir basta dizer que, ao contrário de outros, não tratou o candidato Marcelo por «Presidente».

Já no debate com Ana Gomes, o que ficou mais claro foi que a candidatura de João Ferreira é aquela onde cabe a convergência em torno dos valores de Abril e da Constituição que os consagra. Já os comentários oscilaram entre o contrário (fazer de Ana Gomes referencial de convergência quando não foi capaz de apresentar um argumento que o justifique) e a caricatura do firme posicionamento em defesa da soberania e contra as ingerências de Bruxelas.

Para início de debates, nada de novo: mal acabam, a máquina de controlo mediático transforma o que lá se passou no que mais convém a quem a controla.



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