Mais lay-off nos autocarros serve só empresas privadas

PROTESTO No actual contexto sanitário, deveria haver aumento da oferta, mas as empresas privadas de transporte rodoviário de passageiros estão a prolongar o lay-off, contra trabalhadores e utentes.

Recebem apoios públicos, mas cortam nos salários e nas carreiras

Um primeiro alerta foi dado pela CGTP-IN, salientando que os maiores operadores, que já tinham aproveitado o lay-off «simplificado», decidiram agora usar a possibilidade que o Governo lhes ofereceu e passar ao regime normal de suspensão de contratos ou redução de horários, por períodos entre seis e 12 meses, desde o início de Agosto.

O protesto de trabalhadores e utentes voltou às ruas, na semana passada, com iniciativas em Vila Real (dia 4, junto à Câmara Municipal) e em Santiago do Cacém (dia 5, junto à estação da Rodoviária do Alentejo).

No dia 7, o tema foi tratado num encontro entre o STRUN e a direcção regional do Porto do PCP (ver pág. 10).

Ultrapassado
e inaceitável

A «manifestamente insuficiente» oferta de transporte público, que já se fazia sentir antes da pandemia, com «escassez, incumprimento de horários, sobrelotação e inacessibilidade», assume maior gravidade na presente situação. Para a CGTP-IN, que tomou posição a 30 de Julho, fica «muito perceptível a inexistência de um verdadeiro serviço público integrado de transportes, de abrangência nacional», revelando «a total incapacidade de resposta de um modelo ultrapassado, que deve ser revertido o mais urgentemente possível».

Nas empresas públicas de transportes, agravaram-se os efeitos da «crónica falta de investimento» e da «redução de trabalhadores e equipamentos».

As empresas privadas, que predominam no transporte rodoviário de passageiros, recorreram desde logo ao lay-off «simplificado», diminuindo a oferta «drasticamente» e «de forma inaceitável», cortando parte substancial da retribuição dos trabalhadores e beneficiando dos apoios do Estado.

Estão nesta situação grandes grupos económicos, destacou a Intersindical, nomeando:

– o Grupo Barraqueiro, com as empresas Barraqueiro Transportes, Esevel, Barraqueiro Alugueres, Barraqueiro Oeste, Boa Viagem, Mafrense, Estremadura, Eva e Frota Azul (todas requereram lay-off por nove meses), e ainda a Rodoviária do Alentejo (12 meses);

– o Grupo Transdev e as suas empresas Auto Viação Aveirense, Caima Transportes, ETAC, MinhoBus, rodoviárias da Beira Interior, da Beira Litoral e d’Entre Douro e Minho, Transdev Douro e Transdev Interior (todas com seis meses de lay-off);

– as rodoviárias do Tejo, do Oeste e do Lis (com capital social repartido entre a Barraqueiro e a Transdev), com lay-off por seis meses.

Medidas semelhantes foram anunciadas posteriormente pela Arriva Norte.

A CGTP-IN assinala que «a oferta de transportes deveria multiplicar-se de forma exponencial, não apenas em número, mas também qualidade», condenando, «especialmente as empresas privadas do sector», por encetarem «estratégias totalmente contraditórias com as que deveriam corresponder às necessidades com que o País se debate».

 



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