Unesco apela à prioridade da educação na recuperação do flagelo da Covid-19

A Unesco apoiou o apelo para colocar a educação na vanguarda dos planos de recuperação face ao flagelo da COVID-19, apelo feito pelo secretário-geral das Nações Unidas.

Num comunicado divulgado na terça-feira, 4, a organização da ONU especializada nas questões de educação, ciência e cultura reagiu ao relatório apresentado no mesmo dia por António Guterres, que advertiu estar a pandemia a causar a pior perturbação conhecida na história dos sistemas de ensino.

O texto da Unesco destaca que, entre as graves consequências da COVID-19, estão um défice de aprendizagem que poderia afectar mais de uma geração de estudantes e o provável fim dos progressos em matéria educativa à escala global, devido ao fecho de escolas decretado para travar a propagação do coronavírus SARS-CoV-2.

Neste cenário, a Unesco antecipou a celebração, antes do final do ano, de uma sessão especial da Coligação Mundial para a Educação, iniciativa lançada pela sua directora-geral, Audrey Azoulay.

A agência multilateral recordou que quase 1600 milhões de alunos de mais de 190 países – cerca de 94 por cento da população estudantil do mundo – foram afectados no pico da crise sanitária, número que, entretanto, baixou para mil milhões em uma centena de países.

A Unesco prevê que pelo menos 24 milhões de estudantes possam não regressar à escola em 2020, uma previsão adiantada por Guterres, entre eles cerca de seis milhões na Ásia Meridional e Ocidental e cinco milhões na África subsaariana. Os índices mais elevados de abandono escolar e redução das matrículas seria um golpe na educação superior.

«Tais conclusões põem em relevo a urgente necessidade de garantir a continuidade da aprendizagem para todos, especialmente os mais vulneráveis, face a esta crise sem precedentes», enfatizou Azoulay.

A directora-geral da Unesco insistiu no apelo do secretário-geral da ONU para proteger os investimentos no sector educativo em todos os níveis. A esse respeito, reiterou que a COVID-19 aumentará em um terço o défice no financiamento necessário para a concretização do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável na Educação, acordado pela comunidade internacional para 2030, uma quebra que na actualidade atinge já o montante de 148 milhões de dólares.

A maior interrupção
de sempre na educação

O secretário-geral da ONU assegurou que a pandemia de COVID-19 provoca a maior interrupção da educação na história, devido ao encerramento de escolas em 160 países.

Mais de mil milhões de estudantes no mundo estão afectados porque os centros de ensino deixaram de funcionar e pelo menos 40 milhões de crianças perderam a oportunidade de receber educação no seu ano pré-escolar, afirmou António Guterres, numa vídeo-mensagem.

Pais e mães vêem-se obrigados a assumir um maior peso nos cuidados do lar e dos filhos, observou. Pese a difusão das lições pela rádio e televisão e na Internet, e dos esforços dos professores e pais, muitos estudantes continuam marginalizados, alertou. Os estudantes descapacitados, os que pertencem a comunidades minoritárias ou desfavorecidas, os deslocados e refugiados e os que vivem em zonas remotas correm maior risco de ficar para trás, considerou.

No relatório, Guterres exortou os Estados a adoptar medidas audazes para criar sistemas de educação inclusivos, resistentes e de qualidade.



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