Greve geral na Bolívia contra adiamento das eleições
As mobilizações populares convocadas por organizações sindicais e sociais bolivianas para segunda-feira, 3, começaram a jornada com o bloqueio de avenidas e estradas em várias regiões do país.
Os manifestantes colocaram pedras nas vias de comunicação, tendo causado bloqueios nas entradas e saídas de diversas cidades, provocado longas filas de viaturas paradas e impedido a saída de autocarros.
Tratou-se de uma jornada de «luta e mobilização nacional contra o governo de facto e o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) por violar os direitos constitucionais do povo e atentar contra a democracia», afirmou o secretário executivo da Central Operária Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi.
Os protestos rejeitam o novo adiamento das eleições presidenciais, desta feita de 6 de Setembro para 18 de Outubro, por parte do TSE, com o argumento da crise de COVID-19, que atingiu já mais de 80 mil pessoas e provocou a morte de cerca de 3150, num país de 11,3 milhões de habitantes.
Huarachi tinha precisado antes, na convocatória do movimento contestatário, que a «greve geral indefinida» decorrerá até que o TSE reverta a sua decisão e garanta que as eleições se realizarão a 6 do próximo mês.
As eleições estavam inicialmente marcadas pelo governo golpista para 22 de Janeiro. Foram adiadas, «por falta de tempo», para 3 de Maio e, posteriormente, outra vez adiadas, com o argumento da pandemia, para 6 de Setembro e, agora, para 18 de Outubro.
Estas mobilizações têm lugar depois de, a 28 de Julho, se terem realizado marchas e concentrações «em defesa da democracia», as quais foram consideradas um êxito por dirigentes das seis federações do trópico de Cochabamba.
Além da COB, apoiam o movimento popular dezenas de organizações que agrupam defensores dos direitos humanos, trabalhadores, indígenas e outros sectores sociais. Estas organizações integram o Pacto de Unidade, dinamizado pelo Movimento para o Socialismo (MAS).
Huarachi, que após a realização dos protestos da semana passada em El Alto foi incriminado pelo governo golpista, assegurou que enfrentará o possível processo e continuará a luta para que as eleições se celebrem a 6 de Setembro.
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, exilado actualmente na Argentina, denunciou a tentativa do governo de facto de travar as mobilizações populares no país através da perseguição judicial aos seus líderes.
Deu como exemplo as perseguições a Juan Carlos Huarachi, dirigente da COB, e a Betty Yañiquez, chefe da bancada de deputados do MAS. Huarachi é acusado de encabeçar as acções de protesto e Yañiquez de apoiar as exigências dos manifestantes.