Foi por amor

A proposta do PCP de instituição das regiões administrativas – debate e sua votação – foi completamente desprezada pela comunicação social que ou a silenciou por completo ou a atirou para um cantinho de jornal ou para uma referência minimalista num noticiário de que já ninguém se lembra.

A mesma comunicação social que aparenta estar muito preocupada com o Interior, que promoveu e promove debates, programas, reportagens, documentários e tudo e um par de botas sobre o problema demográfico, a desertificação, o isolamento das populações, o seu envelhecimento, a falta de oportunidades para os jovens no interior do País, foi a mesma comunicação social que decidiu não tratar a iniciativa e a proposta do PCP, em benefício de um outro tema cujo principal objectivo era desviar a atenção dos portugueses daqueles que são os seus problemas essenciais.

Exemplo disso foi a reunião do Secretário-geral do PCP com a Associação AMAlentejo para discutir a regionalização. As perguntas que aí foram feitas pelos jornalistas e as peças que foram posteriormente construídas ignoraram por completo o agendamento do PCP que dava concretização ao que a Constituição da República Portuguesa há mais de 40 anos consagra.

O Interior do País há muito que está em sofrimento e ligado às máquinas: serviços públicos encerrados, com falta de profissionais e de condições materiais (na saúde, na educação, na justiça); péssimas ligações de transportes; falta de trabalho e de trabalho com direitos para os mais jovens; envelhecimento da população; abandono e isolamento; fraco aproveitamento produtivo das potencialidades de cada região.

Um diagnóstico que está feito e o PCP há muito vem denunciando, e que sobre o qual vem com regularidade apresentando propostas e soluções, em que esta proposta da regionalização, há muito adiada, seria um importante passo para a sua resolução.

Porque há cura para os problemas do País que decorrem de fortes assimetrias regionais e de um desenvolvimento desigual. Os executantes da política de direita, suportados pela comunicação social, não querem é aplicá-la. Querem continuar a falar dos problemas, iludindo as populações, sem que daí decorram medidas e propostas concretas. Querem no fundo continuar a aplicar cuidados paliativos, de forma desigual, a um País que precisa urgentemente de uma outra política, patriótica e de esquerda.

Foi certamente por amor ao Interior do País que a comunicação social furtou aos portugueses a oportunidade de reflectirem, discutirem e conhecerem a proposta do PCP, os seus propósitos e objectivos. Foi com toda a certeza por amor ao Interior do País que PS, PSD, CDS-PP, Chega, Iniciativa Liberal e PAN contribuíram com o seu voto para o chumbo da proposta do PCP. Se isto é amor, é melhor nem sabermos o que será a malquerença.

A morte da proposta do PCP foi provocada de forma deliberada por quem não quer que o País avance. Mas, por muito que lhes custe, não morreu a luta pela sua concretização, nem morrerá. Esta vai continuar, e em cada local os comunistas têm que denunciar, por todos os meios, junto das populações, a hipocrisia daqueles que continuam a negar ao País o seu desenvolvimento.



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