A primeira dívida é com o povo, afirma o presidente da Argentina
A primeira dívida que temos é com o povo, afirmou o presidente da Argentina, Alberto Fernández, numa referência à pesada dívida externa que o país enfrenta.
As declarações foram feitas na sexta-feira, 14, em Buenos Aires, durante a abertura de novas instalações na Universidade de Hurlingham, ocasião aproveitada pelo chefe do Estado para uma vez mais defender a educação pública.
Firme e consequente com o que prometeu ao assumir o cargo, há pouco mais de dois meses – dar prioridade também à educação –, o presidente inaugurou um novo espaço universitário e, no seu discurso, insistiu em «potenciar a educação que fez grande e distinta a Argentina na América Latina».
Numa clara referência à dívida externa pendente, incluindo 44 mil milhões de dólares devidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), Fernández acentuou que a dívida não se resolve tirando direitos ao povo mas, ao contrário, «dando-lhe mais direitos para que o povo viva melhor, se eduque e possa crescer».
Acompanhado pelo intendente da localidade, Juan Zabaleta, e pelos ministros da Educação, Nicolás Trotta, e do Interior, Eduardo Wado de Pedro, o presidente realçou que quando são dadas as devidas oportunidades às pessoas elas podem estudar e serem melhores.
«Quando vejo que a educação pública se alarga e o Estado promove edifícios como este, constrói salas de aulas e laboratórios, digo que a Argentina está a ser um pouco melhor», considerou Fernández, que fez da melhoria da educação pública um dos eixos principais do seu programa de governação. E recordou que este processo não tem a ver só com ele, começou com o falecido presidente Néstor Kirchner, em cujo mandato se decidiu que «se os jovens não podem chegar às universidades, então temos de levar as universidades aos jovens».
Aumento de 13 por cento
nas pensões de reforma
O presidente argentino anunciou um aumento de 13 por cento para reformas e pensões mínimas e beneficiários do subsídio Atribuição Universal por Filho. A medida vai beneficiar mais de sete milhões de pessoas.
Alberto Fernández explicou, num encontro com jornalistas, que a medida será efectiva a partir de 1 de Março, sublinhando que desde que assumiu a gestão do país ele e a sua equipa propuseram-se melhorar a vida dos que sofreram mais com o «ajuste» do anterior governo, entre eles os reformados.
Ao dar a boa notícia aos reformados e beneficiários, o presidente precisou que o aumento do subsídio será formado por um valor fixo de 1500 pesos (cerca de 24 dólares ao câmbio actual) mais um montante extra de 2,3 por cento.
«Dispusemo-nos desde o primeiro dia a melhorar a situação dos que estavam pior e é o que fizemos e continuamos a fazer», garantiu Fernández, acompanhado pelo titular da Administração Nacional de Segurança Nacional, Alejandro Vanoli, e pela directora executiva do Programa de Atenção Médica Integral (PAMI), Luanda Volnovich.
Na mesma ocasião, foi também apresentado o programa Viver Melhor, que disponibilizará 170 medicamentos essenciais gratuitos aos cinco milhões de afiliados do PAMI, de modo a garantir o direito à saúde.
Nos últimos quatro anos, durante o mandato do presidente Maurício Macri, com as suas políticas neoliberais, o preço dos medicamentos aumentou 457 por cento na venda ao público e 297 por cento para os beneficiários do PAMI.