A Festa exige um País a avançar
Às primeiras notas da Carvalhesa, jovens e menos jovens saltam das mesas para dançar a música que é já um hino da Festa. O impulso para deixar para segundo plano os êxtases do palato repetiu-se mais do que uma vez, quase despindo de gente as esplanadas. Depois voltavam a encher, de corações ardentes, e assim estiveram invariavelmente a todas as horas, mesmo nas organizações regionais do PCP situadas mais distantes dos grandes palcos, como a de Viana do Castelo, que até voltou a ter um coração como elemento decorativo icónico.
O chamamento da música, também sucedeu à passagem dos sete grupos de animação de rua que ao longo de três dias trouxeram percussões alegres à Festa, assim como a partir dos palcos do Alentejo e de Setúbal, do Espaço do Fado e do Café-Concerto de Lisboa.
Não se pense, contudo, que os sabores são elemento menor na Festa do Avante!. Bem pelo contrário. Durante três dias, e especialmente nos pavilhões das organizações regionais do Partido, os visitantes têm à disposição verdadeiras iguarias nas dezenas de restaurantes, tascas de petiscos e bares. Podemos mesmo dizer que pelos sabores, e além do mais pela diversificada e qualificada oferta de artesanato, pela visibilidade que é dada aos recursos locais e às sadias tradições populares, se afirma uma das questões centrais da luta dos comunistas portugueses: a defesa da produção nacional e das potencialidades de desenvolvimento regional.
Quem dúvidas tiver, bastava ter passado pelo espaço de Vila Real e ver a reclamação da defesa e valorização do Património da Humanidade no distrito; passar pelos Açores e constatar a exigência de valorização do trabalho e da produção regional consubstanciando-a na divulgação da iniciativa e propostas da CDU; passar pelo pavilhão da Madeira e assimilar mensagem similar com um apelo ao voto na foice e no martelo com o girassol ao lado, já no dia 22 de Setembro, nas eleições regionais.
Bastava, ainda, ter passado pelo espaço que acolhia as quatro organizações regionais do Alentejo, onde além de se dar a conhecer a «obra notável» da CDU, se salientava como lema central que aquela é uma região com futuro; passar pelo Algarve que, de azul todo pintado, ostentava com orgulho o trabalho ímpar da CDU na defesa dos algarvios e da sua terra; ou passar por Bragança para, uma vez mais, observar as filas para a posta mirandesa, sinal de reconhecimento de um produto singular que, como noutros casos, com uma outra política, pode representar uma âncora para a revitalização económica de que carecem vastas regiões do País.
«Avançar é preciso!»
Igualmente marcante nos espaços das organizações regionais do PCP, foi a presença da CDU. O que se percebe dado o contexto pré-eleitoral em que se realizou a Festa do Avante!. Não é pouco o que está em causa e se pode decidir pelo voto já a 6 de Outubro.
Nesse sentido, nos espaços regionais lá estava a Coligação que junta comunistas, ecologistas e outros democratas sem filiação partidária, os seus candidatos, propostas e prioridades, quase sempre em painéis expositivos voltados para as esplanadas ou colocados em lugar de boa visibilidade.
A afirmação da CDU desmultiplicava-se ainda nas paredes que gritam «Avançar é preciso!». Com esta palavra de ordem ou desdobrando-a nas batalhas realizadas e que marcam a acção política dos comunistas e dos seus aliados, nas medidas mais urgentes que o PCP-PEV apresenta ao povo, nas vitórias e nos avanços alcançados fruto da determinação e persistência das forças que compõem a CDU, aliadas à luta de massas.
Neste aspectos, assinale-se os espaços das organizações regionais de Santarém, Aveiro,Lisboa e Porto. Em Santarém e em Aveiro, as paredes ostentavam grandes murais realçando que é pela luta que se repõe, defende e conquistam direitos e se apelava a levá-la até ao voto. No caso de Lisboa, o tema central era o enorme avanço que representou o alargamento e embaratecimento dos novos passes sociais intermodais e o seu alcance em vários domínios, bem como a necessidade de aprofundar esta conquista.
Já no caso do Porto, a decoração de rara beleza – no traço, nas cores e na arquitectura –, reivindicava direito à habitação, à cultura e a um ambiente equilibrado como condição para melhor qualidade de vida; «creche gratuita até aos 3 anos de idade» e trabalho com direitos. O que conjugava bem com Lisboa, que para além da questão dos transportes, reclamava mais e melhor Saúde e Habitação no distrito, ou a valorização do trabalho e dos trabalhadores, desde logo pelo aumento do Salário Mínimo Nacional para os 850 euros, exigência que estava em grande plano numa torre de generosas dimensões.
Resistência e Abril
Mas a afirmação da CDU não foi o único elemento marcante na decoração das organizações regionais. Esta fez-se também da exaltação dos ícones revolucionários, de que serve de exemplo os punhos cerrados e o operário e a camponesa com a foice e o martelo cruzados, em Braga; da recordação dos heróis como José Dias Coelho no espaço de Castelo Branco e Guarda; da memória estimulante de jornadas heróicas como a crise académica de 1969, que estruturava a decoração de Coimbra, ou como o 18 de Janeirode 1934, que em Leiria era ponto de partida para percorrer a exposição e os murais onde a necessidade de o distrito ter voz com a CDU não era esquecida; fez-se evocando a actividade do PCP e a luta dos trabalhadores no distrito de Viseu com uma exposição sobre o tema «actividade e luta por um distrito melhor».
E fez-se de Abril. De Abril da resistência antifascista e da denúncia dos crimes da ditadura. De Abril do impulso revolucionário cujos valores profundos é imperioso afirmar no futuro de Portugal, o que estava em grande plano na exposição central do pavilhão de Setúbal, nas paredes que a partir deste espaço recebiam os visitantes que entravam pela porta da Quinta do Cabo, e no cravo elaborado por operários metalúrgicos comunistas e em torno do qual se encontravam os vários stands.
Fez-se de Abril nos dez debates que ocorreram nos espaços das organizações regionais, entre sábado e domingo, envolvendo cerca de trinta oradores. Porque Abril é marca maior neste Partido e inspiração para avançar. Como o é da Festa que é a do Portugal de Abril.
Diana Garcia
Espaço Mulher
No mural que nos brindava o Espaço Mulher lia-se «Por uma nova política que cumpra os direitos das mulheres». É esse o lema e a luta que ano após ano se lê e se debate no espaço da organização das mulheres comunistas na Festa do Avante!.
O Bar da igualdade, calmo e tranquilo, é palco de encontros e partilha de histórias. No sábado houve debate com Regina Marques, Andrea Araújo e Silvestrina Monteiro sobre «O que é preciso para que Abril se cumpra na vida das mulheres?». No domingo foi Isabel Cruz, Rita Rato e Fernanda Mateus falarem de participação social e política das mulheres e das eleições legislativas.
Diana Garcia
A voz dos emigrantes
No Espaço Emigração, no topo da avenida que desemboca no Palco 25 de Abril, ouviram-se brindes e gargalhadas, não faltaram os abraços e a confraternização, como não faltaram, através de “A Voz do Emigrantes”, as propostas e as caras daqueles que estão prontos para os representar na Assembleia da República.
Amadeu Batel, mandatário da CDU e os candidatos pelo círculo da Europa Rita Rato, Sebastião Viola e Maria Teresa Loureiro, bem como, Dulce Kurtenbach candidata da CDU pelo círculo fora da Europa, apresentaram ali as propostas e soluções da CDU para as eleições legislativas.
Diana Garcia
Espaço Imigração
Com música bem alta dia e noite, que vai dos ritmos africanos ao funk brasileiro, o Espaço Imigração é um dos mais animados. Aqui não faltaram as caipirinhas, o grogue ou a cachupa rica. A noite de sábado, um dos pontos altos, contou com animação de um DJ que interagia com as muitas dezenas de visitantes que enchiam o pequeno estrado do espaço e a esplanada ao redor.
Viam-se os cartazes afixados ao longo das paredes, com notas da importância da imigração e a mensagem «só a luta dos imigrantes e o reforço do PCP podem contribuir para uma política que os dignifique».
Diana Garcia