Conhecer e reflectir para transformar
A grande, e profícua, jornada de apresentações de novos livros no renovado espaço da Festa do Livro, começou com um texto que Jorge Cordeiro considerou imperdível: Um Perigoso Leitor de Jornais, de Carlos Tomé. O conteúdo deste livro foi pormenorizadamente analisado por Manuela Bernardino.
A Página a Página publicou um romance de Domingos Lobo, As Máscaras Sobre o Fogo, o qual, segundo Pedro Estorninho, que apresentou a obra, é uma tremenda viagem, uma viagem num mapa que nos chega através da maior criação humana – a linguagem.
Sob o tema genérico A Europa em Questão, tivemos, no segundo dia da Festa, um esclarecedor debate em torno dos compromissos político-económicos da UE, no qual participaram António Avelãs Nunes (Os Caminhos da Social-Democracia Europeia); Miguel Viegas (A Fraude e a Invasão Fiscal na União Europeia: do «Luxleaks» aos «Panama Papers») e João Ferreira (A União Europeia não é a Europa). Avelãs Nunes: Na UE, a ditadura da burguesia é insensível às derivas anti-democráticas que se estabelecem no seu seio; Miguel Viegas: A Europa foi construída para servir uma classe. A liberdade existe para as multinacionais elaborarem os seus esquemas e não pagarem impostos de forma legal; João Ferreira: A UE é uma sociedade de interesses opostos e contraditórios – ou se defende uma, as multinacionais, ou se está do lado dos povos e dos seus interesses.
Tendo como referência o livro Alternativa Patriótica e de Esquerda, Vasco Cardoso salientou que perdemos soberania orçamental (com o euro) e cambial e, desse modo, o País está exposto às crises cíclicas do capitalismo.
A China é Capitalista?, de Rémy Herrera e Zhiming Long, levou Albano Nunes a afirmar que a crise do capitalismo, numa luta de vida ou de morte, é que leva o imperialismo a hostilizar a China. Segundo a tese dos autores, defendida ao longo deste livro, a China não é um país capitalista. Só o socialismo pode salvar a China.
Jorge Cadima apresentou a obra O Mundo para lá da Censura, de José Goulão, tendo referido que era um livro oportuno e interessante sobre as graves questões da situação internacional. A sujeição dos media ao grande capital, leva-os a censurar grande parte da informação livre que chega às redacções. O caso da Venezuela, e a manipulação em torno da sua realidade (conduzida pelos EUA), é paradigmática da desinformação que as nossas televisões difundem quase diariamente.
Estiveram ainda presentes e falaram sobre a sua obra os escritores Kalaf Epalanga, Joana Bértholo e Lídia Jorge. A autora de O Dia dos Prodígios, afirmou não ter medo da página em branco: tenho a cabeça cheia de fábulas, de histórias.
Foi também apresentado o livro Em Torno de Lopes-Graça de Fausto Neves, por Manuel Pires da Rocha.
Numa sessão dedicada à luta da juventude nos últimos anos do fascismo foram apresentados os livros Coimbra, dois anos de Luta Estudantil, por Jorge Seabra; A Crise Académica de Coimbra 1969. Uma reportagem fotográfica pelo autor, José Veloso. Apresentados foram também os livros editados pela URAP Forte de Peniche: Memória, Resistência e Luta, por José Pedro Soares e Vitor Dias e O MJT e a luta dos JovensTrabalhadores, por João Frazão.
Na Festinha do Livro foi apresentado o jogo À descoberta do 25 de Abril, e os livros Os Barrigas e os Magriços de Álvaro Cunhal com ilustrações de Susana Matos, Greve de Catarina Sobral, e Melissa, Aventuras de uma Aranhiça de Ágata Pereira e Andreia Albernaz. Canta-me uma história, por Cláudio Pereira completou o programa.
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Discos, CD, DVD, camisolas, mochilas, bonés e outros materiais alusivos a algumas das maiores bandas do mundo, a conceituados artistas e grupos nacionais estiveram em destaque na Festa do Livro, onde foi ainda possível encontrar verdadeiros «tesouros» e conversar e recolher autógrafos de alguns dos que, este ano, pisaram os vários palcos espalhados pela Quinta da Atalaia.