Cidade da Juventude

Irreverência, agitação e confiança no futuro

Diogo Correia

A Festa do Avante! acolheu, uma vez mais, a Cidade da Juventude. Erguida a pulso pelos jovens comunistas e muitos outros jovens amigos da JPC e da Festa nos últimos meses, a Cidade apresentou-se mais colorida e irreverente, revelando-se capaz de agitar os milhares que por lá passaram durante os três dias. Espaço onde transbordou uma energia e alegria contagiantes, não só pelo ambiente já característico de amizade e camaradagem, como também pela vasta e variada programação que ali esteve presente.

No Palco AGIT foi possível assistir e participar em workshops de dança do ventre ou de dance4fit e assistir a concertos de bandas como os embrionários Cristovon Colombia ou de DJ como os DMK, que voltaram à Festa para pôr a Cidade da Juventude ao rubro. Com a palavra Avançarinscrita em letras garrafais ao longo da parede por detrás do palco, estei foi também o espaço onde a juventude debateu a luta passada, presente e a que está por vir, bem como os seus problemas, anseios e aspirações e as respostas necessárias a dar.

Ouvir, esclarecer, mobilizar

No sábado, sob o mote «Avançar! Juventude CDU», quatro jovens candidatos da CDU debateram com dezenas de outros jovens, sentados na esplanada, na relva ou nas escadas que davam acesso ao patamar superior da Cidade. Em discussão estiveram diversas temáticas que afectam a juventude e para as quais a CDU tem resposta, desde a educação e o mundo laboral, até à habitação, o ambiente, a saúde ou os transportes, entre outros.

Mónica Mendonça, estudante e candidata, lembrou que «existem reais perigos de andar para trás nos avanços alcançados», dando como exemplo a gratuitidade dos manuais escolares ou o aumento das propinas, «caso não haja um reforço da CDU no dia 6 de Outubro». Foi ainda feito o apelo à mobilização e participação no comício-concerto que a Juventude CDU irá realizar no dia 14 de Setembro, em Lisboa.

No Domingo, Alexandra Pinto e Regina Cerqueira abriram o debate «Avançamos com a força da Juventude», destacando a luta dos jovens ao longo da história por mais e melhores condições de vida, contra o fascismo e a guerra, pela democracia e a paz, pelo socialismo. Alexandra Pinto relembrou que foram estas movimentações da juventude que «estiveram na origem do 25 de Abril e da criação da JCP, que comemora este ano 40 anos» e que a JCP «nunca se demitiu do seu papel de vanguarda da juventude, num quadro de unidade na luta».

«Se é pela luta que lá vamos, também é pela luta que cá estamos», uma afirmação ouvida durante o debate, depois de intervenções que reflectiam os problemas sentidos pela juventude nas escolas e nos locais de trabalho, e que levaram Sara Gonçalves a referir que quando viu «um documento da JCP percebeu que era justo e que era a única organização que estava lá para organizar e intervir».

40 anos com a juventude

A exposição política focava-se precisamente neste ponto. Enquadrando os 40 anos da criação da Juventude Comunista Portuguesa, que resultou da fusão da União dos Estudantes Comunistas (UEC) com a União da Juventude Comunista (UJC), no quadro geral de luta dos jovens comunistas, sem esquecer a luta que já vinha atrás. Por toda a Cidade da Juventude estavam espalhadas imagens, documentos, textos e fotografias de lutas passadas – como as desencadeadas pelo Movimento da Juventude Trabalhadora (MJT) contra o fascismo e pela consolidação da democracia – e actuais, como a luta contra a precariedade ou por uma educação gratuita, democrática e de qualidade, entre outras. O profundo conhecimento da realidade da juventude, em todas as esferas da vida, foi bem visível.

A solidariedade internacionalista e a amizade entre os povos também não foi esquecida, estando presente num mural em solidariedade com a Revolução Bolivariana na Venezuela e com o seu povo, exigindo que o imperialismo tire as mãos daquele país sul-americano.

Concurso de bandas

O Palco Novos Valores (PNV) acolheu, uma vez mais, os finalistas do maior concurso de bandas realizado no nosso País, sob o lema Tocar por Abril.

São de destacar os concertos de Conjunto Corona, na sexta-feira, com uma sonoridade rap muito própria, ou de TOM, no sábado, que confirmou o seu estatuto de novo valor emergente no cenário hip-hop nacional. Para encerrar esta edição do PNV, na noite de domingo, subiu ao palco Iguana Garcia que, apenas com uma guitarra e um sintetizador, conseguiu pôr quem lá estava a dançar ao ritmo de sons psicadélicos.

O PNV e o Concurso de Bandas que o precede são iniciativas da JCP com uma importância inigualável no panorama nacional, que destaca o que de bom se faz no mundo da música em Portugal. Por aqui passaram artistas que mais tarde se viriam a consagrar no panorama musical nacional, com Chullage, Da Weasel, Linda Martini ou, mais recentemente, Vado más Ki Ás.

Confiança no futuro

É também de destacar que através das brigadas de contacto, da venda do AGIT (o jornal da JCP) ou do contacto com os jovens comunistas na Cidade da Juventude, muitos foram os que assumiram o compromisso de se juntarem à organização revolucionária da juventude, acrescentando a sua força à força colectiva, tornando-a maior e mais capaz de responder aos seus anseios.

Uma demonstração de confiança e determinação de quem sabe que este é o momento para tomar nas suas mãos o destino das suas vidas e de quem tem consciência de que que é com o reforço da JCP que se irá avançar e não andar para trás. A juventude não falta à chamada.




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