14.ª Convenção do PEV assume compromisso com o futuro
REFORÇO O Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV) realizou nos dias 17 e 18 de Novembro, na Faculdade de Ciências de Lisboa, a sua 14.ª Convenção, sob o lema «Acção ecologista, um compromisso com o futuro».
Momento alto da ecologia política do País
No sábado, após a recepção dos 250 delegados, de todo o País, e convidados, os trabalhos iniciaram-se com uma saudação de boas vindas, a cargo de Manuela Cunha, da Comissão Executiva (CE) e do Conselho Nacional (CN) de «Os Verdes». De seguida, colocaram-se à votação as mesas e os restantes órgãos da Convenção, que foram aprovados por unanimidade.
A intervenção de abertura esteve a cargo de José Luís Ferreira, que fez o balanço da intervenção e do trabalho do PEV em diversas vertentes, nomeadamente o trabalho parlamentar, a intervenção dos colectivos regionais e as campanhas ecologistas que atravessaram o País, como a pelo encerramento da central nuclear de Almaraz.
O deputado e membro dos organismos executivos do PEV salientou as conquistas alcançadas no contexto da actual conjuntura política, tendo referido o travão à expansão do eucalipto, o regresso do comboio à Linha do Leste, os avanços no passe sub23 e 4-18, a revisão do Plano Nacional de Barragens, o aumento dos vigilantes da natureza e os benefícios para as empresas que se queiram instalar no interior do País.
Sem «desvalorizar o caminho prosseguido», José Luís Ferreira evidenciou que poder-se-ia ter «ido mais longe» se não fosse «o PS de sempre» que «se junta ao PSD na dita reforma da descentralização» ou para «fazer a revisão da legislação laboral». «Desenganem-se todos aqueles que pensam que o PS mudou. Não, não foi o PS que mudou, foi a circunstância», disse.
Seguiu-se um conjunto de intervenções em que os ecologistas abordaram questões da juventude, da cultura, sobre o trabalho desenvolvido pelo PEV em Aveiro, Leiria, Lisboa, Viseu, Porto, Braga, Coimbra, Castelo Branco, entre outros distritos.
Os temas abordados são transversais a todas as regiões: poluição dos recursos hídricos, poluição industrial, necessidade de mais e melhores transportes públicos, melhor educação e infra-estruturas, atropelo aos direitos laborais, mais apoio à agricultura familiar, incêndios e desordenamento florestal, encerramento de serviços públicos.
A tarde ficou marcada com a discussão das moções sectoriais (19), que abordaram temas como a juventude, habitação, educação, agricultura, bem-estar animal, serviços públicos, qualidade do ar, luta contra o nuclear, protecção dos mares e oceanos, redução do plástico e de resíduos, preservação dos recursos hídricos, paz e progresso social.
Depois da actuação da Associação das Cantadeiras de Essência Alentejana, foram anunciados os resultados dos órgãos nacionais. O Conselho Nacional (CN) foi eleito por maioria, sem votos contra, seis brancos e um nulo. A Comissão Nacional de Fiscalização de Contas obteve o mesmo resultado e a Comissão de Arbitragem foi escolhida por maioria, com cinco votos branco e um nulo.
Compromissos
No segundo dia da Convenção foi apreciada a Moção de Acção Eco-Política. «Os Verdes» assumiram o compromisso da sustentabilidade ambiental nas suas várias vertentes; ordenamento e coesão territorial, com intenso combate às desigualdades regionais; serviços públicos de qualidade como a saúde e o fim das parcerias público-privadas (PPP) nesta área e mais investimento na escola pública; uma sociedade para todos com o incremento das políticas de igualdade e implementação de uma sociedade verdadeiramente democrática, pondo fim à descriminação de género. O PEV também se empenhará no reforço da acção e ideologia ecologista, com particular destaque para o trabalho dos colectivos regionais.
Na Convenção, o PCP fez-se representar por Armindo Miranda e Margarida Botelho, da Comissão Política, e Paulo Raimundo, do Secretariado. O presidente do Grupo Parlamentar do PCP (e igualmente membro da Comissão Política), João Oliveira, também esteve presente.
Mais fortes para construir um mundo melhor
O encerramento da Convenção esteve a cargo de Heloísa Apolónia. «Aqui sonhámos colectivamente com um mundo melhor e – porque sempre que um homem sonho, o mundo pula e avança – daqui saímos com muito mais força para construir esse mundo melhor», afirmou, revelando que a «garra» do PEV advém de «Abril».
Prometendo tudo fazer para que «ninguém se esqueça» do que foi a «brutalidade» da política do anterior governo, PSD/CDS, a dirigente (do CE e do CN) e deputada, sublinhou, igualmente, que o PS «podia ter ido mais longe nesta legislatura» se não estivesse «obcecado com o défice».
«Dinamizar a economia sustentável no País, melhorar as condições de vida dos portugueses, dinamizar a nossa economia, gerar riqueza, diminuir o desemprego e a pobreza, são caminhos para controlar as contas públicas», propôs, em alternativa.
Heloísa Apolónia avançou, mais adiante, com cinco «eixos de intervenção» para os próximos tempos, que devem constituir «prioridade de acção»: mitigar as alterações climáticas; reduzir o uso do plástico; preservar a valorização da biodiversidade; melhorar a educação; combater as assimetrias regionais.
«Vale a pena lutar mesmo que os resultados não sejam imediatos, porque há um caminho que se faz. Desistir não faz parte do nosso dicionário. Desistir é ceder a grandes interesses e àquilo que nos querem impor», afirmou, apelando ao reforço do PEV para «dar mais força às lutas que precisam de ser travadas e empreendidas para conseguirmos um País mais sustentável, mais harmonioso, mais coeso, mais justo».
Para isso, «precisamos de ter mais influência», de forma a prosseguir «políticas de esquerda, justas, solidárias, que valorizem o ambiente e o território, que melhorem as condições de vida das pessoas e libertos dos grandes interesses económicos». «Para estes objectivos a parceria que encontramos é na Coligação Democrática Unitária (CDU), com o PCP, a ID e inúmeros independentes», frisou, qualificando a CDU como «a força da transformação à esquerda».