Estudantes do Superior exigem melhores condições

LUTA Sob o lema «o futuro tem a corda ao pescoço!», os alunos do Ensino Superior, de vários pontos do País, saíram à rua para manifestar o seu descontentamento com o subfinanciamento do sector.

São milhares de estudantes com a bolsa em atraso

Os estudantes responderam, em força e com combatividade, ao apelo lançado pela Associação de Estudantes (AE) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH), que lançou um manifesto onde se alerta para a «situação insustentável» que se vive no Ensino Superior.

Em Lisboa os estudantes manifestaram-se entre o Saldanha e a Direcção-Geral de Ensino Superior (DGES). Porque «a luta continua» e os «estudantes estão na rua», durante o percurso, acompanhado de perto pelas forças de autoridade, gritaram, ininterruptamente, palavras de ordem, denunciando: «propinas e Bolonha, é tudo uma vergonha», «faculdades a cair, é preciso investir» e «Acção Social não existe em Portugal». Reclamaram, de viva voz, «mais condições materiais» e «bolsas sim, propinas não», uma vez que «não é só um caso, são milhares de estudantes com a bolsa em atraso». Por outro lado, os «investimentos nas escolas não podem ser esmolas», quando «para a banca vão milhões e para o ensino só tostões».

Estes vibrantes «gritos de revolta» foram acompanhados por faixas e cartazes, onde se exigia um «regulamento de avaliação justo», o «passe escolar», «bolsas a tempo e horas suficientes para as despesas», «mais residências», o fim das «propinas» e das «fundações», entre outras reivindicações.

Desresponsabilização do Estado
No final, foi entregue no DGES um abaixo-assinado com cerca de 1500 assinaturas. Ali, os estudantes fizeram questão de recordar que a propina passou de 1991 a 2018, de 6,50 euros para 1063 euros, apesar de estar anunciada uma redução para os 856 euros, em 2019.

A «falta de financiamento» denunciada reflecte-se, também, «nas deficientes condições materiais e estruturais de algumas instituições de Ensino Superior, fazendo com que algumas não consigam, neste momento, dar resposta às necessidades dos estudantes, não garantindo uma boa qualidade de certos cursos. Passou-se assim uma fatia substancial do financiamento das instituições de Ensino Superior, que deveria ser feito por parte do Estado, para os ombros das famílias dos estudantes.»

«Portugal é um dos países da União Europeia com a propina mais elevada e onde as famílias contribuem mais para o ensino, sendo também, paradoxalmente, um dos países com o Salário Mínimo Nacional mais baixo da Europa e com uma das maiores percentagens de pessoas abrangidas por este», revela o manifesto da AEFCSH, lido na acção. Também «as taxas e os emolumentos pagos pelos estudantes, que se juntam às propinas, dificultam ainda mais a conclusão dos estudos» e «o ingresso no Ensino Superior».

Apoios insuficientes
Denunciada foi, igualmente, a «insuficiência» de apoios sociais, bem como os custos com o alojamento, a alimentação ou deslocações. Na Acção Social Escolar, muitos são os exemplos da falta de investimento, que se materializa, sobretudo, no número de bolsas atribuídas e nos seus reduzidos valores; nas más condições materiais das residências universitárias públicas ou a insuficiência destas face à procura por parte dos estudantes deslocados (existem apenas 12 por cento de camas para o total de estudantes deslocados); no valor do preço pago nas refeições sociais; no elevado preço do passe escolar sub-23. «Não pode caber às famílias portuguesas o financiamento do Ensino Superior e não pode caber ao Estado a degradação deste», acentuam os estudantes.

No mesmo dia, tiveram ainda lugar concentrações junto à sede dos Serviços de Acção Social da Universidade do Porto (SASUP) e frente à Reitoria da Universidade de Évora.

 



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