Greve e protesto na APED contra salários baixos

REIVINDICAÇÃO A jornada de dia 12, na grande distribuição, deixou claro que os trabalhadores estão determinados a prosseguir a luta por melhores salários e contra discriminações e injustiças.

Os patrões exigem pagar ainda menos pelo trabalho suplementar

Ao fim da manhã de quarta-feira da semana passada, dia de greve de 24 horas nas empresas da grande distribuição (super e hipermercados e lojas especializadas), um numeroso e aguerrido grupo de dirigentes e delegados sindicais e outros trabalhadores do sector reuniu-se frente ao edifício, em Lisboa, onde está instalada a sede da associação patronal APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição).

É para esta que os grandes grupos procuram endereçar as reivindicações que o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) e os trabalhadores têm dirigido às empresas. Os patrões fazem assim de conta que não são precisamente esses grandes grupos que determinam as decisões da APED, nomeadamente quanto ao arrastamento das negociações para revisão do contrato colectivo de trabalho.

Na jornada de dia 12, os motivos da greve realizada em cada local de trabalho foram apresentados à associação patronal e divulgados publicamente na Rua Alexandre Herculano.

Numa saudação aos trabalhadores que fizeram greve, a direcção do sindicato recordou, no dia 13, o que motivou esta luta.

Primeiro, «os trabalhadores não aceitam a continuação dos salários de miséria, as discriminações salariais e as injustiças nas carreiras profissionais», tal como rejeitam «os ritmos de trabalho desumanos, horários desregulados e a violação da lei e do contrato colectivo de trabalho».

Para alterar estas condições, «reafirmam a sua determinação de continuar a luta pela negociação do contrato colectivo de trabalho», «não aceitam a chantagem da APED e das empresas» para redução do valor do trabalho suplementar e exigem «aumento dos salários para todos e o fim da Tabela B», «correcção da carreira de operador de armazém, com promoção automática até à categoria de operador especializado». Reclamam «resposta às reivindicações nas várias empresas» e «cumprimento da lei e do contrato colectivo».

Dias antes deste dia de luta, o CESP tinha acusado os grupos que dominam o sector – Continente (Sonae), Pingo Doce (Jerónimo Martins), Jumbo (Auchan), FNAC, Minipreço (DIA), El Corte Inglés e Lidl foram citados como exemplos – de, apesar dos elevados lucros acumulados nos anos mais recentes (mais de 400 milhões de euros, só em 2015 e 2016) exigirem a redução do valor do trabalho suplementar como contrapartida para avançarem na negociação dos salários.

Estes são muito baixos, de valores próximos do salário mínimo nacional, e o seu poder de compra foi reduzido em mais de 10 por cento, desde 2010.

Numa resolução entregue na sede patronal ficou expressa que os trabalhadores estão determinados a continuar a luta, «caso a APED e as empresas de distribuição persistam na redução de direitos e não desbloqueiem a negociação do CCT que já decorre há dois anos».

A reafirmar a activa solidariedade do PCP para com esta luta, a deputada Rita Rato esteve na concentração e dirigiu uma breve saudação aos trabalhadores.

 



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