Fazer diferente para o interior
Uma atenção particular nesta interpelação foi dada às questões do desenvolvimento regional, em especial aos territórios do interior, onde persistem graves estrangulamentos e limitações a reclamar por um novo olhar e por fazer diferente.
Problemas para os quais «não basta criar uma unidade de missão», como salientou o deputado comunista João Ramos, mas que exigem outras políticas e respostas.
Com medidas e apoios que promovam o desenvolvimento, fixem as pessoas, melhorem as suas condições de vida e bem-estar.
Foi com a preocupação de trazer todos esses aspectos concretos para o centro do debate que João Ramos orientou a sua intervenção, pondo o enfoque desde logo na necessidade de regionalizar os apoios e incentivos, designadamente os fundos comunitários, face aos níveis desiguais de desenvolvimento e capacidade produtiva das regiões. Opção esta, na perspectiva do PCP, que deverá manter-se no futuro e assumir carácter estrutural, em vez da resposta conjuntural a tragédias como a dos incêndios de 2017.
Problema transversal a todo o interior é também o do apoio à agricultura familiar. É preciso um «regime específico como o PCP há muito propõe», que «vá muito além das propostas do Governo», sublinhou João Ramos, antes de abordar a questão da mobilidade e da articulação territorial. Também neste capítulo há «carências graves», frisou, lembrando que Bragança, Vila Real e Viseu deixaram de ter comboio, Portalegre tem uma estação a 14 quilómetros da cidade, continua por concluir essa ligação estruturante de Bragança a Beja que é o IP2, prevista desde 1985.
Não menos grave é a carência de serviços públicos dotados de meios técnicos e humanos que igualmente se faz sentir no interior do País, sejam juntas de freguesia ou postos da GNR, extensões de saúde ou serviços regionais de agricultura, da floresta, da Segurança Social, falta essa que emerge de forma dramática sobretudo «quando os problemas surgem», referiu o parlamentar comunista.