Atropelos aos direitos no grupo Águas de Portugal
TRABALHO Membros de organizações representativas dos trabalhadores das empresas do Grupo Águas de Portugal, mais o STAL e a Fiequimetal, participaram na audição promovida pelo Grupo Parlamentar do PCP.
O OE não resolve muitos dos problemas destes trabalhadores
Na iniciativa, que se realizou recentemente na Assembleia da República com a presença da deputada Paula Santos e de João Frazão, da Comissão Política do Comité Central do Partido, participaram elementos das ORT de empresas como a EPAL, SIMRIA, Águas Centro Litoral, AdTA e AMARSUL. Entre as preocupações manifestadas, os representantes dos trabalhadores salientaram a degradação dos seus salários e rendimentos em consequência da política de congelamento promovida a partir dos PEC do anterior governo do PS, aprofundada pelo governo PSD/CDS, que se lhe seguiu, e até ao momento não revertida pelo actual executivo.
Ao nível dos rendimentos, foi denunciada a situação de centenas de trabalhadores que, assumindo as mesmas responsabilidades, fazendo as mesmas tarefas e trabalhando nos mesmos postos de trabalho do que outros – particularmente da EPAL –, recebem salários e outras remunerações muito diferentes. Há, por exemplo, subsídios de refeição que variam entre 4,27 e os sete euros, trabalhadores com subsídio de transporte e outros sem direito a ele, entre outras situações de desigualdade.
Importante sublinhado foi ainda feito quanto à necessidade de assegurar a contratação dos trabalhadores em falta na generalidade das empresas, o que põe em causa não apenas o direito ao descanso e à segurança dos trabalhadores, mas, aliado à ausência de investimentos, igualmente à própria segurança do abastecimento de água às populações.
Valorizar quem trabalha
No que respeita ao Orçamento do Estado para 2018, ficou claro que muito embora acolha avanços – para os quais a intervenção do PCP e a luta dos trabalhadores foi determinante – não responde a muitas das justas reivindicações dos trabalhadores das empresas do Grupo AdP. Desde logo porque mantém a proibição de valorizações remuneratórias, o que implicaria que todos os trabalhadores chegariam a 2019 com os salários de 2009 e porque, para os trabalhadores excluídos da contratação colectiva, provocaria o arrastar dos actuais problemas, sem qualquer harmonização de rendimentos nem as necessárias valorizações remuneratórias.
Por outro lado, salientou-se na audição, o Orçamento mantém as restrições à contratação de novos trabalhadores, continuando a empurrar crescentes áreas dos sectores operacionais para a precariedade e para a prestação de serviços. Já para os trabalhadores da EPAL, o OE mantém a cláusula que tem sido utilizada como desculpa para não cumprir o pagamento do prémio anual pelos resultados da empresa.
Os dirigentes e eleitos do PCP comprometeram-se a continuar a acompanhar a situação nas empresas do grupo e a exigir do Governo a adopção de medidas que vão ao encontro das aspirações dos trabalhadores e à defesa do carácter público do sector. Os comunistas lembraram ainda a intervenção recente do PCP em prol destes trabalhadores, nomeadamente os requerimentos sobre a Águas do Tejo Atlântico, apontando para a necessária uniformização das relações laborais, exigindo o fim das violações à lei e insistindo na necessidade de contratar mais trabalhadores, e sobre as razões de ainda não terem sido plenamente integrados os trabalhadores da ex-Águas do Oeste no quadro de pessoal da EPAL, e o projecto de lei para se aplicar a todos os trabalhadores do grupo o Acordo de Empresa da EPAL.
Combater a exploração na Efacec
A pedido do PCP, realizou-se recentemente no Porto uma reunião entre delegações do Partido e das organizações representativas dos trabalhadores (ORT) da Efacec, com o objectivo de aprofundar o conhecimento da situação social na empresa. Pelo PCP participaram a deputada Diana Ferreira, João Pires, do Comité Central e da Direcção da Organização Regional do Porto, e Domingos Oliveira, do sector regional de empresas.
Os representantes dos trabalhadores deram nota dos lucros superiores a quatro milhões de euros registado pela empresa, que se encontra numa fase de relançamento positiva, acusando-a de utilizar o Estatuto de Empresa em Reestruturação para executar rescisões por mútuo acordo, que não passam de despedimentos encapotados, a jovens que estão longe da idade da reforma e que assim passam de uma situação laboral activa para o desemprego. O plano de reestruturação, aprovado pelo Governo, prevê o despedimento de 409 trabalhadores.
Na ocasião foi ainda informado que em muitas situações a administração mandatou as chefias directas para executar reuniões de forma individual com os trabalhadores, criando assim um clima de intimidação e apresentando três planos diferentes: possibilidade de rescisão por mútuo acordo; cedência contratual para a Electric Mobility; e, por último, extinção de posto de Trabalho. Os representantes dos trabalhadores deram ainda nota da forte pressão e intimidação que reina na empresa, a que se junta a ofensiva contra direitos, expressa na tentativa de imposição da polivalência de funções, mobilidade interna e banco de horas.
O PCP, por seu lado, reafirmou o seu apoio e solidariedade aos trabalhadores, recordando a acção que tem desenvolvido a nível local e nacional e no Parlamento Europeu.