Valorsul parou

Na greve iniciada pelos trabalhadores da Valorsul às zero horas de terça-feira, dia 25, e que iria terminar às oito horas de ontem, a muito elevada adesão, em sucessivos turnos, provocou a paragem da produção nas três unidades operacionais da região de Lisboa.

Como confirmou um dirigente do SITE CSRA, sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN com forte representação na empresa, não foi admitida qualquer entrega de resíduos e não foi produzida energia na central incineradora, em São João da Talha. Mário Matos, em declarações ao Avante!, ao fim da tarde de anteontem, recusou a «guerra de números» intentada pela administração, contrapondo que «os trabalhadores mostraram união na luta».

Quanto ao facto de a empresa, numa nota de imprensa citada pela agência Lusa, afirmar que os direitos dos trabalhadores foram repostos em Julho de 2015, o dirigente do sindicato e da federação recorda que a Valorsul «só fez aquilo a que foi obrigada por lei, pois com a privatização saímos do âmbito das restrições orçamentais» impostas no sector empresarial do Estado.

Como prova de que a luta teve algum efeito na posição patronal, Mário Matos apontou a afirmação, citada na notícia da Lusa, de que a Valorsul procurará «melhorar as condições de trabalho e de remuneração de todos os seus trabalhadores». «Esperamos que isso agora se traduza em propostas» para negociar, comentou.

Na madrugada de terça-feira, a Fiequimetal informou que a greve tinha começado com adesão total, registando que no piquete, na sede, compareceram muitos trabalhadores da empresa e vários dirigentes e activistas sindicais, entre os quais o secretário-geral da CGTP-IN. Em expressão de solidariedade, estiveram ali os presidentes das câmaras municipais de Loures e Sobral de Monte Agraço, deputados e representantes da União dos Sindicatos de Lisboa e do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa. O PCP marcou presença, com uma delegação da Comissão Concelhia de Loures e da DORL.

A greve foi convocada para exigir o aumento dos salários e o cumprimento do direito à negociação colectiva, que a administração da Valorsul recusa, insistindo em não negociar a revisão, para o ano de 2016, da tabela salarial e de outras matérias do Acordo de Empresa. Além disso, acusam as estruturas sindicais da CGTP-IN, a administração tomou várias decisões que põem em causa os direitos dos trabalhadores.

No dia 31, como noticiámos, estarão em greve, por motivos semelhantes, os trabalhadores da Amarsul, da Valnor e da Resiestrela, também dominadas pelo Grupo EGF (cuja maioria foi entregue à Mota-Engil).

 



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