EMEF tem de contratar
Em vez de despedir dezenas de trabalhadores que estão com vínculos precários, a EMEF deve é integrá-los no seu quadro de efectivos, exige a Fectrans/CGTP-IN, que durante esta semana mantém uma vigília frente ao Ministério da tutela.
Hoje, além da vigília no Ministério, há greves nas oficinas
Esta série de concentrações de dirigentes e delegados sindicais e membros da Comissão de Trabalhadores da EMEF insere-se numa semana de luta, que inclui a distribuição de um folheto aos utentes da Linha de Cascais e, durante o dia de hoje, greves parciais nas oficinas de Oeiras, Entroncamento, Guifões, Contumil, Sernada do Vouga e Mirandela.
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário e a CT da EMEF exigem do Governo «medidas concretas para o desenvolvimento da empresa e para a sua manutenção como empresa estratégica do sector ferroviário, contra o despedimento colectivo, pela reposição das convenções colectivas e pelo efectivo direito à negociação colectiva».
Para cada um dos quatro dias de vigílias, frente ao Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas, foi definido um tema a destacar. Na segunda-feira, a reintegração da EMEF na CP foi reclamada como «regresso ao futuro». Hoje, exige-se medidas para defesa das oficinas do Barreiro, depois de ontem ter sido reclamado investimento na EMEF, para garantir a segurança e a qualidade do transporte ferroviário.
Na terça-feira foi realçada a situação dos trabalhadores de empresas de trabalho temporário, que «são necessários para a EMEF manter uma capacidade razoável de resposta à sua actividade diária», mas estão «confrontados com um despedimento colectivo», como se refere numa nota conjunta das estruturas representativas.
No folheto distribuído aos utentes da Linha de Cascais, a CT e o sindicato avisam que, caso se concretizem os despedimentos, «o serviço vai piorar». Ali circulam «comboios com mais de 50 anos, autêntica sucata, miraculosamente ressuscitada cada dia pelos operários da EMEF (que fazem a manutenção) e pelos trabalhadores da CP». Nas oficinas de Oeiras, onde é feita a maior parte do trabalho de manutenção daquele material circulante, faltam trabalhadores, como nas restantes oficinas da EMEF.
A responsabilidade por estas dificuldades é imputada à «desastrosa política do anterior governo», mas os investimentos inadiáveis «estão a ser adiados há demasiado tempo». Os despedimentos representarão uma redução de pessoal de dez por cento e «uma ainda maior degradação da oferta, por opção do Governo».
O sindicato e a CT previnem os utentes de que não devem acreditar em quem argumente que há falta de dinheiro para resolver estes problemas. Lembram que «o que se gastou nos dois submarinos dava para pagar toda a modernização da Linha de Cascais e ainda comprar dez vezes os comboios necessários, novos», para lá dos milhares de milhões de euros pagos anualmente por juros especulativos da dívida pública e por contratos swap.
Algo mexeu
Perante a marcação da luta contra o despedimento e pela integração dos trabalhadores recrutados através de empresas de trabalho temporário (54, em toda a empresa), a Fectrans tomou conhecimento de «anúncios internos em Lisboa, Entroncamento e Porto», para admissão de 15 trabalhadores. Este passo «revela que a marcação da luta fez mexer alguma coisa», mas a federação, numa nota publicada dia 20, considera a medida insuficiente.
Dia 3 pelos AE
Numa reunião de organizações sindicais e comissões de trabalhadores das empresas públicas de transportes, no dia 24, segunda-feira, foi decidido realizar no dia 3 de Novembro, às 10h30, frente à Assembleia da República, um plenário público para exigir alterações à proposta de Orçamento do Estado.
Os representantes dos trabalhadores das transportadoras do sector empresarial do Estado pretendem que sejam repostos em vigor os acordos de empresa e o efectivo direito à contratação colectiva. Defendem ainda que as empresas sejam dotadas dos trabalhadores e dos meios financeiros necessários, para não se agravar a degradação de serviço.
O documento aprovado iria ser apresentado a organizações de trabalhadores que não estiveram na reunião, de modo a alargar apoios, antes de ser enviado ao Governo e à AR.