Conflito na Galp
A Fiequimetal/CGTP-IN entende que «é legítimo relacionar a viagem paga pela Galp a membros do Governo com o conflito laboral que a empresa mantém com os seus trabalhadores».
Para além da Administração Fiscal e de «personalidades» não reveladas, surge envolvido naquele caso o Ministério que tutela «o grupo onde predominam Américo Amorim e os seus interesses», observa a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas, num comunicado distribuído na Petrogal (Grupo Galp Energia) na semana passada, a chamar a atenção para outro «conflito de interesses».
Há que denunciar, entende a federação, «as consequências que decorrem da subordinação dos governos ao poder económico, designadamente quanto às relações de promiscuidade que podem degenerar no agravamento das injustiças, das desigualdades e da brutalidade contra os trabalhadores». Sendo assim, as viagens a um jogo do Europeu de futebol, pagas pela Galp aos secretários de Estado da Indústria e da Internacionalização, ligam-se ao conflito que foi desencadeado com o ataque da administração ao Acordo de Empresa e aos direitos sociais dos trabalhadores.
No comunicado, recorda-se que a Petrogal foi «proibida, por mais de uma dezena de tribunais, de restringir o pleno exercício do direito à greve», mas «acabou por obter tudo o que os tribunais recusaram, por via de despachos antigreve emanados, precisamente, do Ministério da Indústria e, também, do Ministério do Trabalho».
Por outro lado, a Fiequimetal «não ignora as pressões que têm sido feitas para que o Governo actue no sentido de servir os interesses da Petrogal/Galp», motivo por que «a “argumentação” construída pela DGERT (Ministério do Trabalho) para “fundamentar” a caducidade da contratação colectiva mostra tanto de capacidade inventiva, quanto de falta de rigor, de isenção e de análise histórico-jurídica deste processo».
Perante «a gravidade dos factos e da situação que foi criada», a federação adianta que vão ser retomadas acções junto do Governo, da Presidência da República e da Assembleia da República, entre outras entidades, e insiste no reforço da unidade entre os trabalhadores e no prosseguimento da luta em defesa do direito de negociação e de contratação colectiva, dos direitos laborais e das conquistas sociais, nomeadamente os regimes de saúde e de reforma.