Novas opções para a EMEF

Acabar com a política de privatizações implica que sejam criadas condições para impor a inversão do processo de desmantelamento e destruição, seguindo uma visão integrada do sector ferroviário e revendo a relação entre a CP e a EMEF, defende-se nas conclusões do Fórum Ferroviário, publicadas na semana passada no sítio da Fectrans.
A iniciativa, sob o lema «CP e EMEF – regresso ao futuro», teve lugar a 17 de Dezembro, no Clube Ferroviário de Lisboa, promovida pelas comissões de trabalhadores da CP e da EMEF, centrada na construção, manutenção e reparação de material circulante, «o âmago da relação» entre as duas empresas. Uma primeira conclusão, decorre da necessidade de «alargar ainda mais a reflexão, a discussão e a construção de alternativas», convidando as demais CT do sector a realizarem, no dia 3 de Março, um fórum que trate o conjunto dos problemas da ferrovia.
Mas as conclusões ganham particular actualidade perante a decisão, anunciada pela CP no final de Janeiro, de iniciar a renovação dos comboios Alfa pendulares, um investimento de 18 milhões de euros, previsto para as oficinas da EMEF.
Logo após ser conhecida esta decisão, a Fectrans comentou que «não podia ser de outra forma», já que esta é a empresa da CP que se dedica a este tipo de trabalhos, mas questionou «com que EMEF» será feita tal intervenção, por causa do «esvaziamento» a que a empresa de manutenção ferroviária tem sido sujeita. A federação alertou que, na ausência de «opções políticas que lhe garantam os meios humanos, técnicos e financeiros», poderá suceder que a EMEF «no essencial, dê o nome e tenha que recorrer a muita contratação externa».
 

Inverter o rumo

No Fórum, como se lê no documento de conclusões, foram apontados exemplos negativos e positivos que devem ser considerados, para que a mudança de rumo se materialize em políticas concretas.
Um «caso de sucesso, reconhecido dentro e fora de Portugal e até premiado», decorreu da aplicação da metodologia RCM na manutenção da frota de pendulares, com impressionante aumento do número de quilómetros percorridos e a redução substancial dos incidentes e das imobilizações em oficina.
Contrariando a lógica que o sistema pretendia impor, foi trocado o fornecimento de blocos de válvulas, que teria um valor de quase 700 mil euros na multinacional Alstom, por peças desenvolvidas na EMEF e produzidas por um fabricante nacional, com um custo de 33 mil euros.
Como exemplo a evitar, é referido o que sucedeu com duas locomotivas a vapor, afectas ao serviço histórico. Uma, a carvão mineral, estava plenamente funcional; outra, a gasóleo, necessitava de uma reparação. «A administração da CP, numa inacreditável sequência de decisões estúpidas e ignorando sempre a opinião dos ferroviários, gastou perto de um milhão de euros a transformar, primeiro, a locomotiva movida a carvão para gasóleo, e depois, a movida a gasóleo para carvão», refere-se nas conclusões do fórum.

 



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