Pela nacionalização dos CTT
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) exigiu, no dia 30, a nacionalização dos CTT e a reabertura das estações de Correio encerradas antes da privatização. Numa conferência de imprensa realizada na União dos Sindicatos do Distrito de Braga, a estrutura sindical denunciou também a existência de «assédio laboral» e alertou para a falta de trabalhadores.
Vítor Narciso, secretário-geral do SNTCT, lembrou que, antes da privatização dos CTT, a empresa perdeu 2400 trabalhadores e encerrou cerca de 250 estações. Neste momento, existe uma enorme pressão sobre os trabalhadores e ocorrem atrasos superiores a uma semana na distribuição da correspondência. Um dos factores que contribuíram para isto foi o «aumento do trabalho» resultante da «absorção de outras empresas do grupo», não acompanhado «pelo aumento de trabalhadores».
Para garantir um serviço de qualidade, os CTT precisam de pelo menos mais 600 trabalhadores, afirmou o dirigente sindical, que se referiu à degradação dos serviços e ao agravamento das condições de trabalho após a privatização da empresa. «A qualidade dos serviços piorou de maneira assustadora» e, da mesma forma, as condições de trabalho dos carteiros e do pessoal de atendimento, verificando-se situações de «assédio laboral e perseguições» a trabalhadores, denunciou, acrescentando: «Vamos lutar contra a privatização, vamos exigir a nacionalização e a reabertura das estações de serviços fechadas, porque fazem falta».
Pressões e exaustão
João Carvalho, da Comissão de Trabalhadores dos CTT, insistiu na preocupação com a qualidade do serviço, pois «está em causa o brio dos carteiros». «Há funcionários a trabalhar mais três e quatro horas para além do horário sem que a empresa pague mais pelo trabalho extra. A empresa usa e abusa do trabalho precário, os trabalhadores estão a ficar exaustos e a população é que sai prejudicada», afirmou, antes de denunciar as pressões a que os funcionários são submetidos por parte das chefias: «pressionam os trabalhadores a fazer mais horas e, se não fizerem o serviço, não são avaliados, não recebem prémios, alteram-lhes os giros. A pressão é tanta que as pessoas chegaram ao limite», disse.
O secretário-geral do SNTCT, que acusou a Autoridade Nacional das Comunicações (ANACON) de nada fazer «para obrigar os CTT a cumprir a qualidade do serviço» que prestam, disse ainda que o sindicato irá continuar a lutar para que os Correios voltem para as mãos do Estado e admitiu a realização de acções de luta, depois auscultados os trabalhadores.