Em defesa do sector ferroviário
Num plenário realizado dia 3 frente à Assembleia da República (AR), organizações representativas dos trabalhadores ferroviários denunciaram a acção destrutiva do anterior Governo e reclamaram à «nova maioria» uma nova política para o sector.
Trabalhadores reclamam aposta no sistema ferroviário de transporte
Na ocasião, os representantes dos trabalhadores aprovaram por unanimidade uma resolução em que se reclama aos deputados eleitos a 4 de Outubro que procedam à reversão da fusão entre a Refer e as Estradas de Portugal, «promovendo o retorno a uma empresa pública», que una «todas as empresas resultantes da fragmentação da CP», e invistam em «meios humanos e materiais na CP, nomeadamente através da contratação de mais efectivos e da aquisição de material circulante novo para a Linha de Cascais e para o serviço regional diesel».
Os trabalhadores exigem, ainda, a paralisação do «processo de privatização em curso da CP Carga», bem como a dotação da EMEF «dos meios técnicos, humanos e financeiros com vista a garantir a manutenção e reparação do material circulante com qualidade e segurança, podendo ainda assumir a construção de material circulante».
No documento, reivindica-se também a «elaboração de um Plano Nacional de Transportes que tenha «um sistema ferroviário como a sua espinha dorsal» e a revogação do decreto-lei 133/2013 e todas as normas do Orçamento do Estado que «roubam salários, retiram o direito ao transporte ferroviário de trabalhadores e reformados e suspendem a contratação colectiva».
Acção destrutiva
Na resolução, sublinha-se que, a 4 de Outubro, «os portugueses disseram “não” à política de austeridade, elegendo uma nova maioria à qual, necessariamente, tem de ser exigida uma nova política». A do anterior Governo ficou marcada pelo «total desprezo pelo serviço público de transporte ferroviário» e pelos ataques aos direitos de trabalhadores e utentes.
Nesse período, sublinha o documento, «os trabalhadores e reformados ferroviários viram os seus rendimentos severamente reduzidos» e registou-se uma redução de efectivos que «degradou as condições de trabalho e a qualidade do serviço».
O anterior Governo acentuou «a política de destruição do caminho-de-ferro», com «o brutal aumento das tarifas e a diminuição dos serviços», que levou à redução de «21 milhões de passageiros (menos 17 por cento em quatro anos)». Desinvestiu-se no serviço público, desbaratou-se património ferroviário, avançou-se com a privatização de activos estratégicos para o País, destaca-se no texto. Agora, os trabalhadores da ferrovia e as suas organizações representativas exigem uma política para o sector e para o País.