CGTP-IN pelo fim das desigualdades e do empobrecimento

Arrancar o mal pela raiz

Importa travar quanto antes a política de direita desenvolvida ao longo dos anos e agravada com o Governo PSD/CDS, apela a CGTP-IN, que contestou recentes declarações do primeiro-ministro sobre a redução da pobreza e das desigualdades.

Passos Coelho foge à responsabilidade e persiste na mentira

Image 18615

Em conferência de imprensa, na segunda-feira, dia 20, a Intersindical Nacional evidenciou dados e conclusões de um estudo sobre estes problemas e reafirmou as suas propostas, insistindo que na raiz de «desigualdades sociais que hoje atingem patamares sem precedentes na história da democracia portuguesa» está a política de direita promovida pelos sucessivos governos e acentuada pelo Governo do PSD e do CDS.
A propósito da entrevista de Passos Coelho à SIC, no dia 14, e de declarações posteriores do chefe do Governo, glosando o mote «chegou a hora de combater as desigualdades», a CGTP-IN acusa-o de que «não só está a tentar esconder que foi o seu Governo o maior responsável pela situação social dramática em que uma grande parte da população se encontra, como está, quatro anos depois, a persistir na mentira para tentar enganar os trabalhadores e o povo», como se lê no documento que foi apresentado aos jornalistas pelo Secretário-geral da Inter, Arménio Carlos.
Logo no dia 15, a CGTP-IN emitiu uma nota em que contestou a manipulação dos números do emprego pelo primeiro-ministro. «Basta recorrer às estatísticas oficiais para demonstrar que a acção do Governo PSD/CDS nestes quatro anos se saldou pela destruição de centenas de milhares de postos de trabalho, pelo aumento do desemprego, pela emigração massiva, pela degradação da qualidade do emprego, pela diminuição das remunerações e da protecção no desemprego, em suma, pela degradação das condições de vida e de trabalho dos portugueses», protestou a Intersindical, apontando números demonstrativos.
 

Melhor para quem?

A central lembrou, no dia 20, o significado concreto das crescentes desigualdades sociais, observando que «os lucros do capital consomem uma parte cada vez maior da riqueza produzida, ao mesmo tempo que os trabalhadores vêem cair os seus rendimentos e muitos deles, trabalhando, são empurrados para a pobreza».
Para a CGTP-IN, «por mais que o primeiro-ministro tente subverter os factos e omitir os impactos da sua política, os trabalhadores não esquecem as promessas que fez e não cumpriu; os cortes nos salários, nas pensões, na protecção social e apoios sociais; a redução de direitos laborais e sociais; os ataques à contratação colectiva nos sectores privado e público; o aumento brutal dos impostos sobre os trabalhadores e pensionistas; os despedimentos, o desemprego e a precariedade; a privatização de empresas estratégicas para o desenvolvimento do País; a ofensiva contra as funções sociais do Estado, traduzida em sucessivos cortes no Serviço Nacional de Saúde, na Escola pública democrática, inclusiva e de qualidade, na Segurança Social e no Poder Local democrático».
Neste resultado da governação de Passos e Portas, a confederação inclui ainda «uma dívida pública impagável e um Tratado Orçamental que esmaga a economia, asfixia as funções sociais do Estado e os serviços públicos, impede o investimento público para pôr a economia a crescer e ataca os direitos laborais e sociais dos trabalhadores, dos pensionistas, dos jovens e dos desempregados».
Quanto ao País estar melhor, como defende o primeiro-ministro e presidente do PSD, a Inter admite que isso seja verdade para os grupos económicos e financeiros, mas «está claramente pior para os trabalhadores e a generalidade da população».

 

Por exemplo

Foram referidos pela CGTP-IN, no documento divulgado esta segunda-feira, alguns números dos últimos quatro anos (2011-2014). Na repartição do rendimento, a parte destinada a ordenados e salários diminuiu de 36,1 para 34,5 por cento. No PIB, o peso dos lucros passou de 41,6 para 43,3 por cento. E se o PIB desceu 3,9 mil milhões de euros, já a parte do capital aumentou mais de 1,7 mil milhões, enquanto os ordenados e salários perderam 3,1 mil milhões.
As receitas de IRS aumentaram 42 por cento, entre 2012 e 2014, o que representou retirar às famílias de trabalhadores e pensionistas mais de 3,4 mil milhões de euros. Mas foi em sentido inverso que evoluiu o pagamento do IRC pelas grandes empresas e grupos económicos.
A CGTP-IN apurou que, em média, cada agregado familiar com rendimentos do trabalho e de pensões sujeitos a IRS pagou em 2014 mais 1415 euros do que em 2012; mas cada empresa com rendimentos sujeitos a IRC pagou no ano passado, em média, menos 4681 euros do que em 2013.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Sonae deve pagar mais

Depois da greve de dia 15 no hotel de cinco estrelas do Grupo Sonae no Porto, foram anunciadas novas paralisações na logística do Continente, na Maia. Em ambos os casos os trabalhadores exigem melhores salários.

CGTP-IN mantém o «alerta»

«A luta não vai de férias», «vamos continuar em “alerta geral”», garantiu ontem, ao fim da manhã, o Secretário-geral da CGTP-IN, perante milhares de dirigentes e delegados sindicais e outros trabalhadores, na...

Vitória na Praia da Rocha

Foi feito no dia 14 o último pagamento aos 16 antigos trabalhadores do Clube Praia da Rocha, no concelho de Portimão, que em Março encetaram uma dura e prolongada luta pelo pagamento de remunerações, indemnizações e outras verbas devidas pela empresa desde Novembro de...

Marcha dia 31 na SPdH

Os trabalhadores da SPdH (empresa de handling da TAP e do Grupo Urbanos) decidiram realizar no dia 31 de Julho, sexta-feira, uma jornada de luta por melhores salários, contra abusos na organização dos horários de trabalho, contra a proliferação da precariedade. Em greve, das 9...

Pelas 35 horas sem «banco»

Em Salvaterra de Magos, a assinatura de «um acordo, cozinhado entre o presidente da Câmara, o Sintap/UGT e o secretário de Estado da Administração Pública, que prevê a aplicação do “banco” de horas e a adaptabilidade», no dia 15, foi...

Já ganham

A criação da marca «Transportes de Lisboa», tratada pelo Governo como se fosse uma empresa nova, não tem reflexos positivos na prestação de melhores transportes aos utentes nem nas condições de trabalho do pessoal da Carris, do Metro, da Transtejo e da...