Nota divulgada dia 12 pelo Gabinete de Imprensa do PCP

Um crime que exige reversão

1. A decisão anunciada ontem pelo Conselho de Ministros da entrega da TAP à Gateway, no seguimento de uma longa campanha deste e de outros governos visando a desestabilização e afundamento da empresa, é um crime contra os interesses nacionais, uma decisão anti-patriótica que, se não for interrompida, conduzirá à destruição a prazo de uma das mais importantes empresas estratégicas do País, o maior exportador nacional, âncora de todo o sector da aviação civil em Portugal. O valor anunciado de encaixe financeiro garantido pelo Estado português neste negócio – 10 milhões de euros – revela por si só ao serviço de quem está o Governo: dos interesses dos grupos económicos e financeiros nacionais e estrangeiros.

2. O PCP sublinha que o Governo e todos quantos defenderam e defendem a privatização (total ou parcial da TAP) mentem, quando dizem que não há alternativa a esta decisão. Na verdade, só por via da recapitalização pública da empresa – que ao longo dos últimos anos foi premeditadamente negada (ao contrário do financiamento público efectuado a companhias estrangeiras ditas de baixo custo) – e, ao mesmo tempo, assegurando uma gestão pública comprometida com o desenvolvimento da TAP e os interesses do País, é que a companhia aérea de bandeira poderá ter futuro. Não é aceitável que, sempre que um banco privado se encontra em dificuldades, milhares de milhões de euros sejam retirados ao erário público para tapar os custos da especulação financeira e da fraude (como aconteceu recentemente com o BES/GES), ao passo que, quando uma empresa pública estratégica necessita de capital para se desenvolver, a resposta seja o abandono e afundamento da empresa. O PCP relembra que, por mais imposições que possam existir da União Europeia, nada pode impedir Portugal de defender os seus interesses. 

3. Depois da privatização da ANA – Aeroportos de Portugal e agora com a privatização da TAP (isto para lá de outras empresas estratégicas), ficam também mais claros os objectivos que estiveram presentes no pacto de agressão que PS, PSD e CDS assumiram com a União Europeia, o BCE e o FMI: a entrega de activos estratégicos do País nas mãos do grande capital estrangeiro, o agravamento da dependência externa e da submissão nacional ao grande capital e às grandes potências. O PCP reafirma que, tal como demonstra o percurso efectuado por outras empresas que foram entretanto privatizadas (veja-se o caso recente da PT), a única forma de garantir o papel estratégico da TAP – na dinamização do turismo e da economia, no desenvolvimento do sector da aviação civil, na coesão do território nacional e na ligação às comunidades portuguesas no estrangeiro, na garantia dos postos de trabalho e no pagamento de impostos no nosso País – é o seu controlo público e uma gestão comprometida com o desenvolvimento da empresa e do País.

4. Ao contrário daquilo que o Governo procura fazer passar, esta privatização não é ainda um facto consumado, este crime contra os interesses nacionais pode e deve ser travado. Não só o PCP continuará a intervir, no plano político e institucional, combatendo esta privatização, como a luta dos trabalhadores e do povo português, que se opõem a esta venda, pese embora as campanhas de intoxicação promovidas pelo Governo, terá uma palavra a dizer no desfecho deste processo, designadamente no decorrer das próximas eleições legislativas. O PCP sublinha que só com outro governo e com uma política patriótica e de esquerda, que recuse claramente as privatizações, a degradação da economia e dos interesses nacionais, só com o reforço da CDU será possível não só travar a destruição da TAP, como abrir caminho a um Portugal com futuro.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

MEC dá mais razões à luta

A Fenprof e as outras sete estruturas da Plataforma Sindical de Professores querem fazer da manifestação de dia 20 uma grande afirmação em defesa da profissão docente e da escola pública.

PER para não pagar

Empresas das mais destacadas no sector da construção avançaram com planos especiais de revitalização (PER), que apenas têm servido para adiar o pagamento de mais de 15 milhões de euros aos trabalhadores.

Não pára a luta pela TAP pública

As organizações dos trabalhadores da TAP deixaram claro que o anúncio do candidato premiado pelo Governo não encerra este caso e justifica prosseguir e intensificar a luta contra a privatização.

Semana contra privatizações

Na terça-feira, 16, no Entroncamento, num plenário nacional de trabalhadores da EMEF, foi reafirmada a determinação de prosseguir a luta contra a privatização da empresa de manutenção ferroviária. Por unanimidade, foi decidido...

Greves pelos salários

Para exigirem aumentos salariais de 30 euros por mês e de cinco por cento no subsídio de refeição, os trabalhadores da Logística do Continente (Grupo Sonae) na Maia iniciaram ontem uma série de greves de duas horas. O CESP/CGTP-IN informou que a luta...

Moagens

Hoje de manhã, frente à sede da associação patronal IACA, em Lisboa, tem lugar uma acção de protesto e luta em defesa dos contratos colectivos de trabalho, ameaçados pela terceira tentativa de provocar a sua caducidade no sector de moagens, rações, massas e...

Conferência do STAL

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local realiza amanhã, no Forum Lisboa, a sua 2.ª Conferência Sindical. «Trabalho com direitos, autonomia do poder local, afirmar o futuro, democracia e desenvolvimento» são os temas destacados pelo STAL/CGTP-IN....

Plenário nacional de CT

As comissões coordenadoras de comissões de trabalhadores dos distritos de Braga, Porto, Lisboa e Setúbal realizam amanhã, em Coimbra, um plenário nacional, sob o lema «Travar esta política, valorizar o trabalho e os trabalhadores, levar a luta ao voto». A...

Concentração dia 26 na AR

No dia 26, sexta-feira, às 10h30, frente à Assembleia da República, vai realizar-se uma concentração de trabalhadores da Administração Pública, confirmou a comissão coordenadora da Frente Comum de Sindicatos. Num comunicado de dia 9, explica-se que a...