Metalurgia, química, hotelaria, minas, transportes

Podem pagar melhor

Os tra­ba­lha­dores in­sis­tiram nas rei­vin­di­ca­ções sa­la­riais, de­ci­diram fazer greve e aca­baram por impor ne­go­ci­a­ções que os pa­trões re­cu­savam.

O re­curso à greve leva o pa­tro­nato a re­cuar

Na Jado Ibéria, em No­gueira (Braga), co­meçou na se­gunda-feira, dia 30, uma série de greves de uma hora, re­cla­mando para todo o pes­soal au­mentos sa­la­riais dignos e um sub­sídio de re­feição de valor igual ao que a em­presa paga aos de­sig­nados «tra­ba­lha­dores in­di­rectos». A luta, de­ci­dida em ple­nário, foi con­vo­cada para o resto da se­mana, até hoje, e para os dias 8 e 9 de Abril. No dia 10, os tra­ba­lha­dores voltam a reunir-se, como in­formou o SITE Norte, sin­di­cato da Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN.

Em greve, por duas horas diá­rias, es­ti­veram os tra­ba­lha­dores da Dyrup, em Sa­cavém, nos dias 27, 30 e 31 de Março. A luta, por au­mentos sa­la­riais dignos e contra a pro­posta pa­tronal de apenas 0,5 por cento nos sa­lá­rios, com um «prémio» de 200 euros, teve adesão pra­ti­ca­mente total na pro­dução. Sem au­mentos em 2012 e 2013 e com ac­tu­a­li­zação de um por cento em 2014, os tra­ba­lha­dores e o SITE Centro-Sul e Re­giões Au­tó­nomas apontam o cres­ci­mento da pro­du­ti­vi­dade (12,5 por cento, no ano pas­sado) para in­sis­tirem que a em­presa tem con­di­ções para me­lhorar a sua po­sição, seja com mais 20 euros nos sa­lá­rios, seja in­te­grando nestes o mon­tante que prevê pagar como prémio. Nos pró­ximos dias vão aguardar res­posta a um pe­dido ur­gente de reu­nião com a ad­mi­nis­tração, mas não ex­cluem re­tomar a luta.

Na LBC Tan­quipor, no Bar­reiro, foi sus­pensa a greve de cinco dias, que teria início na pas­sada sexta-feira, porque a ad­mi­nis­tração aceitou re­tomar as ne­go­ci­a­ções sa­la­riais. A agência Lusa, ci­tando o SITE Sul, in­formou que os tra­ba­lha­dores de­ci­diram aguardar até 8 de Abril pela for­ma­li­zação da pro­posta pa­tronal.

Nos ho­téis Ti­voli (Lisboa, Jardim, Sintra e Se­teais), inicia-se hoje às 23 horas uma greve que vai abranger a Sexta-feira Santa. O Sin­di­cato da Ho­te­laria do Sul anun­ciou para hoje outra greve de 24 horas, no re­fei­tório da TAP. O sin­di­cato da Fe­saht/​CGTP-IN acusa os pa­trões do sector de «ile­ga­li­dades e pre­po­tência», re­cusa de ne­go­ci­ação e des­res­peito das normas le­gais, pelo que «aos tra­ba­lha­dores não resta outra al­ter­na­tiva, a não ser a greve». Em causa está o justo pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar e em dias fe­ri­ados, bem como o cum­pri­mento da con­tra­tação co­lec­tiva.

Num ple­nário sin­dical da Ho­te­laria da RA da Ma­deira, no dia 25, foi apro­vada a con­vo­cação de dois dias de greve a 18 e 19 de Abril, por oca­sião da Festa da Flor, quando os ho­téis es­tarão com uma ex­ce­lente ocu­pação, disse à agência Lusa um di­ri­gente do sin­di­cato da Fe­saht/​CGTP-IN. Adolfo Freitas ex­plicou que foi evi­tada a re­a­li­zação da greve na Páscoa, porque estes dois fe­ri­ados ainda são pagos de acordo com o con­trato co­lec­tivo. É contra este que os pa­trões, através da ACIF, têm de­sen­vol­vido ataque cer­rado. O sin­di­cato, que já pro­moveu ou­tras lutas (como a re­cente série de «ve­ló­rios» frente às prin­ci­pais uni­dades ho­te­leiras), vai re­a­lizar no sá­bado, dia 4, uma ar­ruada no centro do Fun­chal, de­nun­ci­ando a ten­ta­tiva pa­tronal de impor jor­nadas de 12 horas e se­manas de tra­balho até 60 horas e de cortar dras­ti­ca­mente os acrés­cimos no pa­ga­mento do Natal e de ou­tros fe­ri­ados.

Logo a se­guir à Páscoa, no dia 6, os tra­ba­lha­dores de três em­presas de trans­porte ro­do­viário de mer­ca­do­rias vão en­trar em greve, in­formou a Fec­trans/​CGTP-IN. Na Patinter, com sede em Man­gualde, a pa­ra­li­sação vai até dia 10 e, no pri­meiro dia, ha­verá um ple­nário com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral da CGTP-IN. Até dia 11 de­correm as greves na ZAS Trans­portes e Lo­gís­tica, em Mo­divas (Vila do Conde, onde se situa o en­tre­posto norte desta em­presa, que faz parte do Grupo Trans­portes Flo­rêncio & Silva e tra­balha em ex­clu­sivo para o grupo Je­ró­nimo Mar­tins) e no Grupo Trans­portes No­gueira, em Vila Nova de Fa­ma­licão.
A fe­de­ração re­fere, numa nota que pu­blicou na se­mana pas­sada, que nestas em­presas é exi­gido o cum­pri­mento de di­versas ma­té­rias do con­trato co­lec­tivo, para além da rei­vin­di­cação de au­mentos sa­la­riais – os quais há mais de dez anos não ocorrem na Pa­tinter e na ZAS.

Nas minas da Pa­nas­queira os tra­ba­lha­dores vão hoje ana­lisar os re­sul­tados de uma reu­nião do seu sin­di­cato com a ad­mi­nis­tração, re­a­li­zada an­te­ontem, e onde se voltou a con­firmar a ex­clusão de uma pró­xima sus­pensão da ex­tracção ou até de um even­tual en­cer­ra­mento da em­presa. O Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores da In­dús­tria Mi­neira, no co­mu­ni­cado em que anun­ciou a reu­nião de 31 de Março e o ple­nário de hoje, clas­si­ficou as de­cla­ra­ções alar­mistas da So­jitz Be­ralt Tin & Wol­fram como «ma­no­bras» e con­trapôs que «já não há des­culpas» para a con­ces­si­o­nária não me­lhorar os sa­lá­rios. Estes são os mais baixos do sector, como lem­brou ontem um di­ri­gente do STIM e da Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN, em de­cla­ra­ções à agência Lusa no final da reu­nião.

 



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