Gerações de Abril por Abril
«Emprego transformado em privilégio e educação e saúde em negócio; segurança social apelidada de coisa longe do nosso alcance; direitos como coisa dos mais velhos; e o País, o nosso País, vendido a retalho e transformado em rebuçado para os grandes senhores do capital. Corte com as gerações anteriores, presente estrangulado, o futuro sem futuro à vista, eis o que nos tentam impor», denunciou Paulo Raimundo, da Comissão Política, que interveio sobre a luta das novas gerações pelo futuro a que têm direito. A esperança numa vida melhor que muitos partilhavam, lembrou, «tinha na revolução, nos seus valores e conquistas, a sua razão funda». Mas a política de direita encarregou-se de a esfumar...
Apesar das dificuldades, salientou Paulo Raimundo, as novas gerações filhas de Abril enfrentam a exploração e «não querem abdicar do que é seu por direito, querem ser felizes, trabalhar no seu País e recuperar a esperança com que cresceram». A luta por estes objectivos, que tem que crescer, «precisa dos lutadores de hoje e de todos os que ao longo do tempo foram perdendo as forças». O momento, garantiu o membro da Comissão Política, «não é o de constatar que estamos à rasca», mas é de «agir e afirmar que há uma geração capaz e com a força necessária para tomar nas nossas mãos o seu destino e de levantar o País». É difícil, sim, mas só depende de cada um!
Futuro e ousadia
A luta da juventude, dos reformados e das mulheres também tiveram expressão no Encontro Nacional do Partido. Débora Santos, dirigente da JCP, sublinhou a luta travada pelos estudantes dos ensinos Secundário e Superior e pelos jovens trabalhadores, que não só tem dado resposta à ofensiva contra direitos como, em muitos casos, alcançou mesmo importantes vitórias.
Para o futuro, a jovem comunista reconhece existirem grandes perigos, mas salienta também as enormes potencialidades que se abrem à luta da juventude. Por isso, apelou, «é urgente unir forças e vontades, é preciso construir mais lutas, mandar embora a resignação e ter confiança e a tranquilidade de quem sabe que é agora que se constrói o futuro». Nada nem ninguém «vale mais do que a força da juventude e do povo, unidas», concluiu.
Nesta luta que urge intensificar, afirmou Débora Santos, é necessário «esclarecer, unir, organizar e mobilizar» e ninguém melhor do que a JCP está em condições de o fazer. A organização dos jovens comunistas definiu como objectivo chegar às eleições com seis mil novos jovens «construtores da alternativa», afirmou a dirigente. Os participantes no Encontro Nacional saudaram a ousadia da JCP.
Ouvir e esclarecer
Casimiro Meneses, por seu lado, destacou as «numerosas lutas» em que os reformados e pensionistas participaram: pela exigência da valorização das pensões, contra o roubo nas reformas ou pela defesa dos serviços públicos de saúde. «Somos mais de 3,6 milhões de reformados e pensionistas, com dois milhões a receberem pensão de velhice e 266 mil pensionistas por invalidez e, neste universo, o valor médio mensal das pensões é de 336 euros», precisou.
Sublinhando a necessidade de «dar continuidade ao desenvolvimento da luta dos reformados, pensionistas e idosos, ouvindo os seus problemas, transmitindo sentimentos de confiança e determinação, contra a resignação e o conformismo», Casimiro Meneses destacou a importância de «aumentar o diálogo com muitos milhares de reformados, pensionistas e idosos para o reforço do seu apoio ao PCP, o voto na CDU, porque esta é a força que na Assembleia da República tem apresentado propostas muito concretas visando o aumento das reformas e pensões e o reforço dos direitos sociais».
Focando o aumento da desigualdade entre homens e mulheres e da luta destas pela sua emancipação, Isabel Cruz desmascarou as políticas de «igualdade» promovidas pelo Governo, que estão longe de assegurar quaisquer direitos às mulheres das classes trabalhadoras e populares. A dimensão dos problemas que estas enfrentam, acrescentou, «exige a ruptura com a política de direita» e a concretização de uma alternativa vinculada aos valores de Abril. Com o PCP, garantiu, «não há “faz de conta” nas políticas de igualdade, os direitos das mulheres são para cumprir».