Ao povo o que é do povo

«Quarenta anos depois das transformações revolucionárias de Abril, a sociedade portuguesa tem hoje uma estrutura económico-social determinada pela ditadura dos grupos económicos monopolistas associados ao capital transnacional», afirmou Jorge Pires. Tal decorre do «criminoso programa de privatizações» imposto «pela mão de PS, PSD e CDS».

«A evolução da situação nacional aí está a confirmar que, ao contrário do proclamado, a política de recuperação capitalista não tem significado a recuperação económica do País, antes pelo contrário», disse ainda o membro da Comissão Política do Partido, para quem o desenvolvimento económico e social num Portugal soberano e independente é incompatível com «a gestão privada de importantes empresas e sectores estratégicos».

Neste sentido, emerge perene de actualidade um dos eixos da política patriótica e de esquerda proposta pelo PCP de «afirmação da propriedade social e do papel do Estado na economia com a suspensão das privatizações e a recuperação para o sector público dos sectores básicos». O objectivo é definir e executar «uma política que sirva os interesses nacionais» promovendo «o emprego e a melhoria das condições laborais e de vida», respondendo, com a ruptura, às «opções de classe de sucessivos governos», ao nefasto «domínio do capital monopolista em Portugal» e à consequente «reconfiguração do Estado ao serviço da acumulação acelerada do grande capital», acrescentou Jorge Pires.

De uma política que promova a produção e emprego falou, também, João Frazão, igualmente membro da Comissão Política do PCP, que destacou aqueles como «dois pilares do combate aos sucessivos e crónicos défices provocados pela política de direita».

«Um país que não produz, que aliena a sua capacidade de gerar riqueza está condenado a dever cada vez mais«, recordou, antes de sublinhar que «Portugal não é um país pobre nem está condenado ao fatalismo dos défices estruturais (…), ao desemprego e ao empobrecimento», exigindo-se, nesse sentido, «um programa de substituição de importações por produção nacional», que «assuma a efectiva redução dos custos dos factores de produção» e «garanta o aproveitamento e o controlo soberano dos recursos nacionais», que «valorize o mercado interno como componente do crescimento económico por via do aumento dos salários e das pensões», «garanta o apoio efectivo às micro, pequenas e médias empresas», e o «investimento público e a modernização das forças produtivas».




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Com o PCP e a CDU<br> a alternativa é possível

Determinação. Esta seria a palavra certa se fosse possível reduzir a apenas uma palavra a jornada do dia 28 de Fevereiro que juntou no pavilhão Paz e Amizade em Loures, os mais de 2000 participantes no Encontro Nacional do PCP. Confiança num projecto político, insubstituível e indispensável, para uma alternativa política patriótica e de esquerda, cuja força reside nos trabalhadores e no povo português. «Sim, há solução para os problemas do País e uma política alternativa que coloque como objectivos os direitos e condições de vida dos trabalhadores e do povo», afirma-se na resolução aprovada por unanimidade.
Ficaram a ecoar na sala, como expressão de determinação e confiança, as palavras de Jerónimo de Sousa: «Esta força que transporta um caudal imenso de esperança de que sim, é possível uma vida melhor, que é possível uma mudança a sério de que o País precisa e construir com o PCP e a CDU um outro rumo e um outro caminho de justiça, soberania e de progresso aqui neste chão onde nascemos, vivemos e lutamos como povo que somos, com o povo que temos! Com confiança!».

 

Soluções para uma vida melhor

No Encontro Nacional do PCP «Não ao declínio nacional. Soluções para o País» foram proferidas diversas intervenções relativas a temáticas tão diversificadas como a situação nacional e internacional, as linhas fundamentais da política patriótica e de esquerda que o PCP propõe e o caminho para a concretizar. Nas próximas páginas damos conta do conteúdo essencial dessas intervenções.

 

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