Acusações de práticas ilegais das secretas

Obstrução

A declaração política proferida por António Filipe gerou visível incómodo na bancada do PSD, com a deputada Teresa Leal Coelho – na tentativa de sustentar a recusa em ouvir em comissão o responsável pela «secreta» –, a recorrer à descredibilização da defesa de Jorge Silva Carvalho sob a alegação de que as acusações eram «uma armadilha», na qual, a seu ver, teria caído o PCP. A resposta não se fez esperar, com o deputado comunista e vice-presidente da AR a lembrar que se há partido na AR que não pode ser acusado de ter qualquer relação política ou outra com o ex-director do SIED é o PCP.

«Nunca o nomeámos para coisa nenhuma. Agora o PSD não pode dizer o mesmo, porque nunca foi desmentido o facto – dito pelo próprio – de que terá sido convidado pelo actual Governo para vir a assumir o cargo de secretário-geral do SIRP», observou, recordando que também nunca foi desmentido que o mesmo Silva Carvalho fora convidado para redigir o programa eleitoral do PSD para a área dos Serviços de Informações.

Concluiu por isso que se alguém tem alguma relação política com Silva Carvalho não é o PCP, bastando, aliás, acrescentou, ver o rol de testemunhas de defesa por aquele apresentado em tribunal, onde não figura ninguém da área do PCP, não podendo «o PSD dizer o mesmo».

Mas essa não é a questão de fundo. Se é verdade que a AR não se deve imiscuir no processo judicial, nem na estratégia da defesa ou da acusação – «à Justiça o que é da Justiça», enfatizou António Filipe –, não é menos verdade, na perspectiva do PCP, que também «não pode ignorar que há acusações muito graves, que são do domínio público, que são manchete de jornais e que causam alarme social».

«Isso é algo a que a AR não pode ficar indiferente», insistiu, concluindo que se a maioria continuar a impedir o Parlamento de esclarecer aquilo que lhe compete – fiscalizar o cumprimento da lei e o respeito pela Constituição – e o primeiro-ministro continuar na sua recusa em prestar esclarecimentos à AR sobre esta matéria, «aí é que os portugueses têm todas as razões para ficar preocupados quanto à idoneidade dos Serviços de Informações e quanto à sua tutela política».




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