PCP lembra Sérgio Vilarigues no centenário do seu nascimento

Um revolucionário de corpo inteiro

O PCP ho­me­na­geou, no pas­sado dia 3, um dos seus mais des­ta­cados cons­tru­tores, Sérgio Vi­la­ri­gues, por oca­sião do cen­te­nário do seu nas­ci­mento.

Sérgio Vi­la­ri­gues es­teve 32 anos inin­ter­ruptos na clan­des­ti­ni­dade

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A ho­me­nagem de­correu ao final da tarde, na Casa do Alen­tejo, e reuniu cen­tenas de pes­soas, entre fa­mi­li­ares, amigos e ca­ma­radas de Sérgio Vi­la­ri­gues, fa­le­cido em 2007, aos 92 anos. No es­paço ad­ja­cente à sala onde de­correu a sessão, es­teve pa­tente uma ex­po­sição sobre a vida e a ac­ti­vi­dade re­vo­lu­ci­o­nária de Sérgio Vi­la­ri­gues, bem como al­guns ob­jectos per­ten­centes ao pró­prio, entre os quais so­bres­saíam car­tões de membro do PCP e de de­le­gado a con­gressos e con­fe­rên­cias par­ti­dá­rias, uma má­quina de es­crever e uma mala uti­li­zadas na clan­des­ti­ni­dade, pas­sa­portes falsos, etc.

Par­ti­cu­lar­mente emo­tiva foi a ac­tu­ação do Coro Lopes-Graça, que desde os anos 40 do sé­culo XX acom­pa­nhou a luta po­pular contra o fas­cismo, trans­for­mando em au­tên­ticos hinos (que serão a «Ronda» e a «Jor­nada» senão hinos?) as pa­la­vras dos po­etas que de­nun­ci­avam a re­pressão, a mi­séria e a ex­plo­ração e can­tavam a li­ber­dade, a paz e o fu­turo de pro­gresso, jus­tiça so­cial e bem-estar a que o povo as­pi­rava e pelo qual se batia.

A exi­bição de um filme com de­poi­mentos do pró­prio Sérgio Vi­la­ri­gues sobre as­pectos da sua vida e ac­ti­vi­dade re­vo­lu­ci­o­nária ar­rancou lá­grimas e gar­ga­lhadas, estas úl­timas de­vidas à ironia com que re­la­tava epi­só­dios tão duros como as pri­sões, as tor­turas e a lon­guís­sima clan­des­ti­ni­dade, na qual per­ma­neceu mais tempo do que qual­quer outro: 32 anos se­guidos.

Lugar par­ti­cular na His­tória

Na sua in­ter­venção, Je­ró­nimo de Sousa lem­brou o «lugar par­ti­cular» que as­sume Sérgio Vi­la­ri­gues na his­tória do Par­tido – pelo seu «per­curso de vida como re­vo­lu­ci­o­nário co­mu­nista, pela va­riada e na­tu­reza com­plexa das ta­refas sem conta que re­a­lizou, pelas ele­vadas res­pon­sa­bi­li­dades que as­sumiu na di­recção do PCP, em cir­cuns­tân­cias muitas vezes dra­má­ticas». A sua vida con­funde-se com a pró­pria his­tória do Par­tido, su­bli­nhou o di­ri­gente co­mu­nista.

Sérgio Vi­la­ri­gues, acres­centou o Se­cre­tário-geral, «faz parte do nú­cleo de mi­li­tantes que temos de­sig­nado por cons­tru­tores do Par­tido, ho­mens e mu­lheres que em con­di­ções ex­tre­ma­mente di­fí­ceis e à custa de enormes sa­cri­fí­cios pes­soais e hu­manos – vida pre­cária, clan­des­ti­ni­dade, anos e anos au­sentes do con­vívio fa­mi­liar, sem mesmo po­derem ver crescer os fi­lhos, pri­sões, tor­turas e a perda da pró­pria vida – cons­truíram o PCP como um grande par­tido na­ci­onal, o único Par­tido que con­ti­nu­a­da­mente com­bateu a di­ta­dura fas­cista e se tornou na van­guarda as­su­mida e re­co­nhe­cida da luta dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês pela li­ber­dade».

Pas­sando em re­vista as­pectos cen­trais da bi­o­grafia de Sérgio Vi­la­ri­gues – da sua in­fância no dis­trito de Viseu até à sua ida para Lisboa, onde se tornou ope­rário sal­si­cheiro, ac­ti­vista sin­dical do sector e mi­li­tante co­mu­nista –, Je­ró­nimo de Sousa des­tacou a sua prisão, em 1934, que o le­varia ao in­te­rior das mais te­ne­brosas mas­morras fas­cistas: Pe­niche, Angra do He­roísmo e Tar­rafal, que «inau­gurou» jun­ta­mente com ou­tros 151 pri­si­o­neiros (entre os quais es­tava também o então Se­cre­tário-geral do Par­tido, Bento Gon­çalves). Quando foi li­ber­tado, em 1940, a pena à qual Vi­la­ri­gues fora con­de­nado ter­mi­nara há quatro anos, tantos quantos es­teve no «Campo da Morte Lenta».

Plena en­trega à luta e ao Par­tido

Da bi­o­grafia po­lí­tica de Sérgio Vi­la­ri­gues des­tacou ainda Je­ró­nimo de Sousa a sua par­ti­ci­pação ac­tiva na re­or­ga­ni­zação do Par­tido de 1940/​41, a pas­sagem à con­dição de fun­ci­o­nário em 1942 e a eleição, no III Con­gresso do PCP (re­a­li­zado em 1943), para o Co­mité Cen­tral, onde per­ma­ne­ceria du­rante 53 anos. Vi­la­ri­gues foi membro do Se­cre­ta­riado entre 1949 e 1988 e da Co­missão Exe­cu­tiva de 1967 a 1972 e, após o 25 de Abril, in­te­grou a Co­missão Po­lí­tica e o Se­cre­ta­riado entre 1974 e 1988, e a Co­missão Cen­tral de Con­trolo desde essa data até 1996.

Para Je­ró­nimo de Sousa, «tendo in­te­grado du­rante quatro dé­cadas os or­ga­nismos exe­cu­tivos do Co­mité Cen­tral do PCP, Sérgio Vi­la­ri­gues teve par­ti­ci­pação ac­tiva em todos os grandes mo­mentos da vida par­ti­dária, da luta dos tra­ba­lha­dores e do povo contra o fas­cismo e na Re­vo­lução de Abril». Na longa luta clan­des­tina, foi res­pon­sável por pra­ti­ca­mente todas as or­ga­ni­za­ções re­gi­o­nais do Par­tido; acom­pa­nhou frentes tão de­ci­sivas como a ju­ven­tude e o tra­balho uni­tário; foi res­pon­sável pela mon­tagem e acom­pa­nha­mento do apa­relho de fal­si­fi­cação de do­cu­mentos; du­rante 16 anos (re­par­tidos por vá­rios pe­ríodos), foi res­pon­sável pelo Avante!; e as­sumiu ainda a res­pon­sa­bi­li­dade pelas re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais.

Após des­tacar a «vida de co­e­rência, de plena en­trega ao seu Par­tido» que foi a de Sérgio Vi­la­ri­gues, Je­ró­nimo de Sousa re­a­firmou aquela que é a «me­lhor forma de ho­me­na­gear e honrar» a me­mória dos re­vo­lu­ci­o­ná­rios: «con­ti­nuar a luta pela qual deram o me­lhor de si e das suas vidas.»




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