A confissão de Passos

«Se for primeiro-ministro serei congruente com aquilo que defendi – reposição à razão de 20 por cento ao ano – e portanto irei propor que em 2016 haja uma nova reversão de 20 por cento dos salários para os portugueses», afirmou Passos Coelho aludindo ao tema da devolução integral dos salários em 2016 a que foi obrigado pelo Tribunal Constitucional.

Em momento anterior, o chefe do Governo fizera outra afirmação que não passou despercebida, marcando igualmente o debate: «Em 2015 faremos o que temos vindo a fazer desde 2011».

Ora de tais palavras, no entender de João Oliveira, só se pode inferir o anúncio de que, por vontade do primeiro-ministro, «haverá novos cortes nos salários entre 2016 e 2018».

«Quem reveja as imagens desse momento há-de encontrar no vice-primeiro ministro Paulo Portas a expressão facial que Garcia Marquez negou à personagem Santiago Nasar perante a morte anunciada na primeira linha da sua Crónica e que certamente o irrevogável ministro aqui vislumbrou politicamente a pensar na data das próximas eleições», ironizou o líder parlamentar do PCP, sem contudo deixar de advertir que não pode haver lugar a «ilusões», porquanto, justificou, os que «têm acumulado fortuna à custa da crise de quem trabalha não vão querer abrir mão do que amassaram e se não for com este Governo hão-de querer encontrar outro que sirva os seus interesses». Tal como, prosseguiu, os «especuladores hão de querer um governo que rejeite a renegociação da dívida e pague todos os juros até ao último cêntimo», e, bem assim, os «banqueiros hão de querer um governo que não conteste as orientações da UE que obriga os povos a pagar os prejuízos dos bancos», sem falar nos grupos económicos que «hão de querer um governo que lhes garanta mais exploração dos trabalhadores, novas reduções da taxa de IRC ou lhes permita que deixem de pagar impostos em Portugal para continuarem a não os pagar num qualquer paraíso fiscal para onde transfiram as suas sedes».




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