Corrija-se a injustiça!
Para primeiro plano do debate, pela voz do líder comunista, foi levada ainda a questão dos complementos de reforma aos trabalhadores reformados do Metropolitano e da Carris, suspensos desde 1 de Janeiro deste ano.
Lembrou que esses cortes se situam entre os 40% e os 60% da pensão total, o que está a ter consequências dramáticas de insolvência na vida de muitas famílias, em resultado do que apelidou de «atitude fria e brutal do Governo».
Ora Jerónimo de Sousa recordou que o complemento de reforma foi criado no Metropolitano de Lisboa em 1971 e consta da contratação colectiva desde então. E foi utilizado pelas administrações, por orientações dos governos, acrescentou, para atrair trabalhadores aos concursos de admissão na empresa, aquando da expansão da rede, do mesmo modo que foi utilizado a «partir dos anos 90 para uma profunda renovação e redução de trabalhadores, sem pagar indemnizações».
O líder do PCP chamou a atenção, por fim, para o facto de os trabalhadores terem sido pressionados a sair da empresa sem indemnização, o que representou para esta uma poupança de muitos milhões de euros, incentivando-os a pedirem a antecipação da reforma, e comprometendo-se a compensar as penalizações pela antecipação. É que se assim não fosse, observou, os «trabalhadores continuariam na empresa».
Razões que levaram Jerónimo de Sousa a acusar o Executivo de faltar à palavra, «dar o dito por não dito» quando permite o corte do complemento, «num verdadeiro acto de profunda injustiça».
E daí a exigência de que esta decisão seja revista, uma vez que «não é admissível» a sua manutenção», que significa «atirar para a miséria muitas centenas de famílias». Tendo gerido mal o seu tempo – esgotara-o na resposta às primeiras questões suscitadas pelo líder comunista –, Passos Coelho nada disse sobre o assunto.