Sobressalto no arranque do ano lectivo

Instabilidade e problemas crónicos

O PCP considera que os problemas no arranque das aulas deixaram de ser pontuais, numa ou noutra escola, e passaram a ser a «marca própria na maioria das escolas públicas».

Há uma degradação das condições de funcionamento das escolas

«O ministro da Educação anunciou que todas as escolas públicas abriram as portas, mas esqueceu-se deliberadamente de dizer em que condições as escolas abriram as portas», acusou a deputada comunista Rita Rato, numa declaração política proferida dia 1 e na qual não poupou críticas ao Governo por prosseguir uma política de «desmantelamento e descredibilização da Escola Pública», em favor da escola privada e do negócio da educação.

Identificando os principais problemas, referiu-se às muitas escolas que continuam a funcionar em estaleiros de obras e às aulas em contentores, mantendo-se, por outro lado, a inexistência de condições de muitas famílias para comprar o passe e os manuais escolares.

«Na maioria das escolas faltam funcionários, professores, a plataforma do concurso dos psicólogos e técnicos abriu tarde e a resposta a necessidades de funcionamento das escolas tem sido suprida ao longo dos anos através do recurso ilegal à precariedade», pormenorizou a deputada do PCP.

Retrato em tons escuros que ficaria incompleto se não incluísse, por outro lado, as centenas de alunos com necessidades educativas especiais que estão impedidos de frequentar a escola porque ainda «não foram contratados os professores de educação especial e outros técnicos essenciais à sua aprendizagem e inclusão», como assinalou Rita Rato, que concluiu por isso ser o Governo o «responsável directo e indirecto pela discriminação de milhares de alunos com necessidades especiais, negando condições de igualdade».

Erros persistem

«Os problemas são pontuais e não devem ser generalizados», relativizou o deputado do PSD Amadeu Albergaria, que disse fazer um «balanço positivo» da abertura do ano escolar.

A resposta de Rita Rato não se fez esperar, sublinhando que não pode ser vista como normal a instabilidade deliberada que se verifica no início de cada ano lectivo.

Nem é aceitável o desprezo com que o Governo trata a vida das pessoas, afirmou, depois de frisar que «passados 15 dias das desculpas do ministro, os erros e ilegalidades em torno da Bolsa de Contratação de Escola continuam por resolver».

«Mas alguém pode aceitar que o Governo tenha publicado as listas de colocação de professores à quarta-feira e obrigue milhares de professores a palmilhar quilómetros com a casa e a família às costas para se apresentarem dois dias depois nas escolas?», perguntara já anteriormente a parlamentar do PCP, que se questionara ainda quanto à aceitabilidade de uma escola funcionar sem o adequado número de funcionários, sem uma cantina, ou sem estarem colocados os professores e técnicos de educação especial, assim impedindo milhares de crianças e jovens de estarem na escola.

«O PCP recusa-se a aceitar», asseverou Rita Rato, que sublinhou que as pessoas não sobrevivem com as desculpas do ministro da Educação. «A escola Pública e os seus profissionais, os estudantes e as suas famílias não resolvem os seus problemas com desculpas, resolvem com soluções que assegurem todos os meios materiais e humanos necessários ao funcionamento das escolas», sustentou.




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