Palco 25 de Abril

Uma energia contagiante

Diogo Correia

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O cartaz de espectáculos da Festa do Avante! era apelativo e foram milhares os que aplaudiram, cantaram, dançaram e saltaram ao som das dezoito bandas que passaram pelo maior palco da Atalaia. Sejam bandas consagradas ou nomes mais desconhecidos, quem por lá passa tem à sua espera um público incansável a acompanhá-lo.
Foi pouco depois da Carvalhesa de abertura do Palco 25 de Abril, no sábado, que a banda portuguesa Booster começou a sua actuação. Com um espectáculo rock entusiasmante e vibrante, ninguém ficou indiferente aos momentos que a banda proporcionou.
Seguiram-se The Ramble Riders, que trouxeram à Festa o seu disco de estreia Mexican Ride. Temas como God Damn, Breathe e Long Journey foram bem recebidos pelo público que os acompanhou ao longo de todo o concerto.
Os Diabo na Cruz encheram o recinto do maior palco da Festa. Começaram a actuação com Vida de Estrada, seguindo-se outros temas como Os Loucos Estão Certos. Jorge Cruz confessou aos fãs ser um «orgulho voltar ao Avante!».
Vindos directamente da Galiza, os Coanhadeira foram os primeiros estrangeiros a pisar o palco 25 de Abril. A sua música folk com fortes traços culturais galegos rapidamente conquistou o público, pondo toda a gente a dançar.
Também vindos de Espanha os Sonido Vegetal trouxeram os ritmos frenéticos que caracterizam esta banda Gipsy Punk. Os temas do álbum Las Bases del Razionamento, de 2013, foram bastante aplaudidos e dançados.
Jorge Palma & Os Demitidos entraram em palco com o recinto completamente cheio. Encosta-te a mim, Deixa-me Rir e Dá-me Lume foram temas cantados em coro. Jorge Palma afirmou que «é mesmo bom estar aqui» e depois de expressar a sua admiração por Sérgio Godinho, chamou-o ao palco para cantarem Liberdade e outros temas em conjunto.
Entram os escoceses Peatbog Faeris em cena e a chuva começa a cair. No entanto, as influências celtas aliadas ao rock e ao jazz cativaram o público e conseguiram combater as más condições atmosféricas.
OqueStrada é sinónimo de concertos memoráveis. Nesta edição da Festa do Avante! não foi diferente e a banda portuguesa demonstrou uma forte presença em palco. O Teu Murmúrio, Resgate e outros temas do novo álbum «Atlanticbeat: Mad’in Portugal» foram bem recebidos pelos milhares de pessoas presentes.
A chuva, que caía abundante, pareceu não incomodar A Naifa. Maria Mendes disse que «gosta da chuva e de quem está à chuva». Ana Deus e Simone de Oliveira foram chamadas ao palco para cantar um tema cada uma. Depois de um aplauso intenso, Simone fez uma homenagem ao poeta comunista Ary dos Santos. Luís Varatojo dedilhou na guitarra Grândola Vila Morena e no fim ainda houve tempo para apresentar uma interpretação de Tourada de Fernando Tordo.
Os húngaros Besh O droM apresentaram os ritmos rápidos e fortes que já caracterizam a banda. Os instrumentos de sopro e a bateria em completa harmonia puseram milhares de pessoas a dançar e saltar, principalmente nos temas mais conhecidos da banda.
Coube aos Nu Soul Family encerrar o palco 25 de Abril num sábado com muita chuva. Contudo, o público não se foi embora sem antes ouvir o que a banda de Virgul tinha para lhes mostrar, não fosse este um dos momentos mais aguardados nesta noite. Milhares de pessoas deixaram-se levar pela energia positiva e contagiante da banda portuguesa que pôs toda a gente a dançar e a cantar os temas mais conhecidos, entre os quais se inclui, claro, This is for my People.
No domingo a animação continuou. Após uma Carvalhesa que encheu por completo todo o recinto do Palco 25 de Abril, os Kumpania Algazarra pisaram, uma vez mais, o maior palco da Festa do Avante!. Receberam muitos aplausos, trouxeram surpresas e artistas convidados e terminaram a actuação com «uma foto de família» dos músicos e dos fãs.
Os portugueses Mind da Gap entraram em palco de seguida. Apresentaram ao público da Festa os temas clássicos que os fãs já conhecem numa actuação inesquecível. Valete e Sam the Kid foram os convidados de honra da banda, levando ao rubro quem os ouvia.
As guitarradas aceleradas dos Ciganos D’Ouro não passam despercebidas a ninguém e é difícil ficar indiferente a elas. O público teve a oportunidade de cantar e dançar temas como Bandoleiro e Hasta Siempre Comandante acompanhando a banda de forma exemplar.
À medida que o recinto ficava lotado para ver Paulo de Carvalho, começava-se a ver, também, algumas bandeiras comunistas para o comício que se seguiu à actuação do músico português. Muito aplaudido, o cantor apresentou os temas Viva a Vida e O Cacilheiro, este último acompanhado por Agir, em homenagem a Ary dos Santos. Paulo de Carvalho expressou ainda a sua felicidade por «ver que a luta continua» e que «já tinha saudades» de vir tocar ao Avante!. No final, ainda houve tempo para cantar Os Meninos de Huambo.
Após o comício, foi a vez de os catalães La Troba Kung-Fú actuarem. Sempre com o entusiasmo que os caracteriza, a banda que mistura o rock e o reggae com o flamenco e a rumba pôs toda a gente aos saltos e de braços no ar, numa actuação vibrante que ficará certamente na memória de quem os ouviu.
O momento mais aguardado da noite era a subida ao palco de Kalaf, Riot, Conductor, Branko e Blayah, ou seja, os Buraka Som Sistema. Ainda não tinham pisado o palco e já havia milhares a chamá-los. A banda da Amadora, que não se identifica com nenhum estilo musical pois «Buraka é Buraka», como eles afirmam, iniciou a sua actuação com BaBaBa (Hangover) e continuou com Kalemba (Wegue Wegue), (We Stay) Up All Night e Yah! entre outros temas. A interacção com o público foi enorme, como é aliás habitual nas actuações da banda. Pediram aos fãs para se sentarem na relva, disseram-lhes para levantarem os braços, chamaram algumas fãs para irem dançar com a banda e distribuíram ofertas. Cantaram em conjunto, dançaram e saltaram, numa actuação repleta de boas energias. A estreia dos Buraka Som Sistema na Festa do Avante! não poderia ter sido melhor.
No Palco 25 de Abril, a energia contagiante das bandas e do público faz toda a diferença. Fãs e artistas de todas as idades, com os mais variados gostos e estilos musicais, proporcionaram um verdadeiro espectáculo dentro e fora do palco. Momentos que quem presenciou não irá esquecer.


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