Interjovem contesta «resultados» do Impulso

Desemprego ocultado

«O desemprego não se combate com ocupações temporárias», protestou a organização de juventude da CGTP-IN, recusando que os programas para desempregados sirvam para que estes sejam apagados das estatísticas.

Estar num «programa» não é estar empregado

Image 14324

A Interjovem reagiu, no dia 10, aos últimos documentos que foram apresentados na Comissão de Coordenação e Acompanhamento do Programa «Impulso Jovem» e que enfatizaram uma aparente descida do desemprego entre os trabalhadores com idades até 25 anos.

«O crescimento do emprego é, de forma propositada, confundido com a ocupação temporária de jovens, em diversas actividades, formações e estágios do IEFP» e, para aqueles «resultados», acabam por não ser contabilizados apenas os trabalhadores que encontraram solução para o desemprego. «Desta forma, são apagados, da taxa de desemprego entre os jovens, os que frequentam cursos de educação e formação de adultos, estágios profissionais, módulos de aprendizagem em entidades externas, formação modular em vida activa, entre outras», assinala a Interjovem.

Contudo, «os trabalhadores, na sua larga maioria jovens, que estão a realizar estes programas e formações do IEFP, não estão a trabalhar, não estão a desenvolver uma actividade com vínculo laboral a uma empresa, a uma entidade individual ou colectiva ou ao Estado», e «não o estão a fazer de forma efectiva, com os direitos e garantias que definem aquilo que é “ter um emprego”, que garanta autonomia, direitos laborais, desenvolvimento das capacidades e da formação adquirida». Nem sequer lhes é assegurado o direito a um salário, já que recebem «na sua maioria, subsídios de deslocação, de alimentação ou prestações sociais, em muitos casos, inferiores ao salário mínimo nacional».

O apagamento destes trabalhadores dos números do desemprego é agravado pelo facto de não poderem acumular os programas e formações com um vínculo laboral, não podendo sequer estar inscritos como disponíveis para a procura de emprego.

Ao argumento do Governo de que estes trabalhadores hão-de ser encaminhados para um emprego, na empresa ou serviço onde estiveram num qualquer programa, a Interjovem contrapõe com a realidade que sobressai em denúncias, protestos e processos legais dos sindicatos da CGTP-IN: uma grande quantidade de trabalhadores, sobretudo jovens, a prestar serviço em postos de trabalho permanentes, mas que são mantidos em situação precária, para serem substituídos constantemente, auferindo remunerações muito inferiores aos seus demais camaradas que desempenham as mesmas funções.

Nota ainda a Interjovem que «a larga maioria dos trabalhadores que hoje estão abrangidos por estas situações foram despedidos por via de decisões políticas, comprometidas com o interesse das grandes multinacionais e monopólios». Por outro lado, «perante a negação constante do direito ao trabalho digno, perante o despedimento e o empobrecimento generalizado do povo e do País, são canalizados para programas de ocupação temporária por meses e anos consecutivos».

Para a Interjovem, a mobilização de todos para dia 19, na Ponte 25 de Abril, em Lisboa, e na Ponte do Infante, no Porto, «é decisiva para a derrota da política de direita e do programa de agressão».




Mais artigos de: Trabalhadores

Luta cresce no sector público

Os cortes inscritos no decreto-lei 133, publicado a 3 de Outubro, aumentam o descontentamento dos trabalhadores e levam os sindicatos a definirem novas formas de luta, para além das marchas do próximo sábado.

EDP e Petrogal devolvem

As administrações da EDP e da Petrogal informaram que estão a tomar as medidas necessárias para restituir aos trabalhadores os direitos e remunerações que retiraram, com base em normas inconstitucionais.

Alternativas para a indústria

Numa «tribuna pública» de âmbito nacional, a Fiequimetal/CGTP-IN apontou medidas concretas para valorizar o aparelho produtivo e reindustrializar o País, mas insistiu na luta dos trabalhadores para a necessária mudança política.

Enfermeiros<br>em semana de greves

Na terça-feira, o primeiro de cinco dias de greves convocadas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, realizaram-se 15 plenários nas instituições hospitalares dos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal, durante a manhã, com a participação de largas...

Polícias recusam austeridade

A Comissão Coordenadora Permanente dos sindicatos e associações dos profissionais das forças e serviços de segurança, num comunicado que divulgou após uma reunião realizada no Porto, no dia 11, declarou que «não aceitará mais medidas de...

«Mapeamento» na RTP<br>repudiado em plenário

Os jornalistas da RTP/TV deliberaram anteontem, em plenário, declarar a perda de confiança da redacção na Direcção de Informação, devido à forma como esta tem actuado na realização do «mapeamento» de pessoal, desencadeado pela...

Sargentos concentram-se

A Associação Nacional de Sargentos anunciou uma concentração para 12 de Novembro, a partir das 18 horas, no jardim de São Bento, junto à Assembleia da República. A informação conclui um comunicado, que a ANS divulgou na segunda-feira, face a notícias...

Professores na «grande luta»

«Além de todas as lutas e iniciativas em torno de aspectos concretos que exigem a intervenção sindical e que são fundamentais – questões relacionadas com o desemprego e a precariedade, com o exercício da profissão em todos os graus e níveis de ensino,...

Travar o precedente

A redução das pensões de sobrevivência, cujos contornos foram apresentados no domingo, pelo vice-primeiro-ministro, mereceu o repúdio da CGTP-IN. Num comunicado de imprensa, que divulgou segunda-feira, a central considera que tal medida «constitui um precedente na abertura do...

Os cantos da serpente

Mais de dois anos de Governo PSD/CDS-PP ficam marcados por uma mão cheia de nada na adopção de medidas tendentes à resolução dos problemas dos profissionais e a garantir maior eficácia preventiva ao crime.