Afundamento e declínio
Ideia muito matraqueada pelo PSD no debate foi a de que sem a troika o País teria colapsado. Foi o memorando e o financiamento que «permitiu ao País sobreviver e fazer face aos compromissos internos e externos», afirmou o deputado Duarte Pacheco. Em sua opinião o pacto de agressão permitiu ainda obter «resultados positivos», como a «credibilidade», «baixa das taxas de juro», «equilíbrio das contas externas». Pela voz de Jorge Paulo Oliveira, negado foi por outro lado que o Governo esteja a promover a «concentração da riqueza», assim como foi recusado qualquer cenário de renegociação da dívida no pressuposto de que os credores é que «ditam as regras» e, como tal, haveria «consequências para o País», deixaria de haver dinheiro para «assegurar as necessidades do défice externo e do défice público nos próximos anos». Pelo meio, o recurso à habitual caricatura e à distorção sobre o verdadeiro conteúdo das posições e propostas do PCP, à mistura com muito agitar do medo. O PCP o que defende é «não pagar», foi dito, persistindo na mentira quando afirmaram que qualquer reestruturação da dívida teria como consequência a paralisação do «País e da economia», significaria «a política do orgulhosamente sós».
Argumentos que são afinal a comprovação «do falhanço da política deste Governo», ripostou Francisco Lopes em resposta a Jorge Paulo Oliveira, que invocara ainda como feito do Governo a circunstância de «pela primeira vez em 70 anos o País alcançar uma balança de bens e serviços positiva».
«É o equilíbrio da fome e da estagnação da economia», das «importações que param porque não há dinheiro para consumir, porque não há procura interna», contestaria o deputado Bruno Dias, aludindo a esse lamentável paralelismo.
Antes, já Francisco Lopes considerara tal comparação «muito significativa» quanto às opções deste Governo. E recordou que esse tempo trazido à memória pelo deputado laranja corresponde a um período negro da nossa história em que «a fome, a miséria, o racionamento se abateram sobre o povo português».
O desastre
Sobre os resultados essenciais da política de direita e da aplicação do memorando da troika pelo «conselho de administração do grande capital», como chamou ao Governo, deteve-se ainda Francisco Lopes para assinalar que a qualidade desses resultados pode aferir-se pelo agravamento da exploração, empobrecimento, recessão económica, desemprego, destruição das estruturas produtivas, liquidação de serviços públicos, comprometimento do presente e do futuro, expulsão das novas gerações por razões económicas do País».
E sublinhou a concluir que a realidade o que mostra é que «o défice não está controlado, a dívida pública continua a aumentar, e que as medidas tomadas só significaram o afundamento, o declínio e estão a encaminhar o País no sentido do desastre nacional».
Donde, segundo Francisco Lopes, a grande questão que hoje se coloca com absoluta premência é a de «interromper esta política e substituí-la por uma que resolva os problemas de desenvolvimento do País», assegure o «progresso social, a defesa dos serviços públicos, a soberania nacional».
As amarras do PS
Ao deputado Mota Andrade, por seu lado, respondeu ainda Francisco Lopes assinalando que o PS é hoje confrontado com «um problema essencial» que em sua opinião «tem de clarificar». Trata-se do «compromisso que continua a ter com a política de direita, com o memorando da troika» e que o leva a «estar associado a esta política de desastre».
Alegara o deputado do PS que este memorando não é o que inicialmente foi assinado com a troika. Só que, lembrou o deputado do PCP, no texto inicial estava escrito que seria alterável de três em três meses, que podia ser acrescido. «Ora o que está a ser aplicado é consequência do que foi negociado pelo PS», sustentou Francisco Lopes. Mais, «o pacto de agressão é a continuidade da política dos PEC, é o PEC IV desenvolvido – e é a continuação dessa política que tem de ser rejeitada», rematou.