Falhanço colossal

Sobre o «ministro das Finanças da extrema-direita económica», assim classificado por Honório Novo (que viu ainda em Vítor Gaspar o «pronto socorro de Passos Coelho», dada a recusa deste em discutir o «assalto fiscal» por aquele anunciado na véspera), recaiu a acusação de também «andar fugido do debate e do confronto político». É que o titular da pasta das Finanças faltou por três vezes à comissão parlamentar de orçamento, preferindo, segundo o deputado do PCP, «o debate unilateral, o solilóquio das conferências de imprensa».

Honório Novo pôs ainda em relevo a falta de rigor do ministro que no dia anterior, de manhã, anunciara para 2012 um défice de 6,2 para logo a seguir (à tarde) anunciar um défice de seis por cento. «De manhã anuncia um conjunto de medidas de corte da despesa e de receitas fiscais de 0,2 % do PIB, 340 milhões de euros, e à tarde anuncia que estas medidas valem afinal 0,3% do PIB, 500 milhões de euros», relatou o parlamentar do PCP, para quem estes exemplos são «o mais recente reflexo do completo desnorte e da incompetência funcional que grassa no Governo».

Honório Novo considerou ainda que o ministro que «tinha certezas absolutas, segurança absoluta de que a receita da troika ia resultar, que tinha estudado tudo até ao pormenor, falhou».

«É um falhanço colossal», concluiu, antes de verberar o facto de o ministro não dar explicações sobre as razões do seu espetanço, em toda a linha: «nas previsões do défice, da dívida, das receitas fiscais, da receita da Segurança Social, da taxa de desemprego».

«O senhor não acertou nem uma!», atirou o deputado do PCP, que repudiou simultaneamente a insistência na mesma receita da troika e o assalto fiscal ao bolso dos portugueses quando, em sua opinião, «já foi atingida a exaustão fiscal».

Por isso classificou a atitude do governo de aumento dos impostos como «irresponsável» e reveladora de «fanatismo ideológico».

Na resposta, Vítor Gaspar recusou tratar-se de «erros colossais» e preferiu encarar as diferenças de valor por si anunciadas como meras «questões de arredondamento».

 

 



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