Na morte de Conceição Morais
Maria da Conceição Morais Matias, membro do Comité Central do PCP e da Direcção da sua Organização Regional de Setúbal, faleceu no dia 24 de Junho, aos 63 anos, após doença prolongada.
Membro do PCP desde 1977, Conceição Morais era funcionária do Partido desde 1983, ano em que passou a integrar a Direcção da Organização Regional de Setúbal (DORS), de cujos organismos executivos fez parte durante vários anos e onde assumiu, entre outras tarefas, a responsabilidade pelas organizações concelhias do Seixal e de Sesimbra do PCP e pela área específica da luta das mulheres.
Uma nota do Secretariado da DORS do PCP presta-lhe homenagem lembrando-a como «mulher e camarada de alegria contagiante», e como «comunista, um exemplo de relacionamento fraterno e profundamente humano, associado a uma inquebrantável combatividade e firmeza na luta social e política pela democracia, pela liberdade e pelo socialismo».
A marca impressiva que Conceição Morais deixou em quantos com ela trabalharam e conviveram esteve bem patente nas palavras de Luísa Araújo, que com José Capucho representou o PCP no funeral, ao recordar comovidamente o seu percurso: «Lutou pelos direitos dos trabalhadores e pela emancipação das mulheres. Lutou pelas nacionalizações e foi solidária com a Reforma Agrária. Esteve ao lado dos trabalhadores contra o encerramento de empresas. Lutou pela liberdade e a actividade sindical. Construiu, afirmou e defendeu o Poder Local Democrático. Lutou pela paz, pelo mundo livre de armas nucleares. Lutou pelo direito das crianças. Foi solidária com os trabalhadores, as mulheres e os povos de todo o mundo».
Conceição Morais era membro do CC desde 1983, tendo integrado a Comissão Central de Controlo de 2000 a 2004. Fez ainda parte da Comissão junto do CC para a Luta das Mulheres, durante vários anos. Eleita nas autarquias locais entre 1976 e 2009, foi Presidente da Junta de Freguesia de Santiago do concelho de Sesimbra e Presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra.
Dedicou grande importância ao papel das mulheres no Poder Local Democrático o que a levou, também, a participar desde a primeira hora na constituição da Rede das Mulheres Autarcas Portuguesas (REMA), estrutura para a qual foi eleita Vice-Presidente.
Em 1980 foi deputada do PCP à Assembleia da República.
Pertenceu ainda à Direcção do Sindicato dos Rodoviários do Sul e ao Secretariado da União dos Sindicatos do Distrito de Setúbal, onde assumiu a responsabilidade do Departamento de Mulheres.
Nasceu e viveu em Sesimbra.
Um exemplo de dedicação
Conceição Morais evidenciou-se na luta pela emancipação da mulher. Prestando-lhe o merecido tributo, Regina Marques, do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) lembrou na hora do adeus a profunda dedicação que esta sua destacada dirigente – aderiu ao MDM no alvor da Revolução de Abril – sempre deu à luta pelos direitos da mulher.
Em representação da Organização das Mulheres Comunistas, Conceição Morais integrou o Conselho Consultivo da então Comissão da Igualdade e Direitos das Mulheres (CIDM), onde granjeou grande estima e respeito das representantes de todas as Organizações Não-Governamentais – lembra o MDM.
Participou ainda no Congresso da Organização das Mulheres Moçambicanas em 1980 e em 1995 na Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Mulher, em Pequim.
Para o MDM, Conceição Morais será sempre lembrada como uma «mulher e camarada de alegria contagiante», como uma «comunista, um exemplo de relacionamento fraterno e profundamente humano, associado a uma inquebrantável combatividade e firmeza na luta social e política pela democracia, pela liberdade e pelo socialismo».
Testemunho do seu carácter profundamente humano e solidário foi dado ainda, na hora da despedida, pelas suas antigas colegas do colégio, que cantaram uma oração em sua memória,
bem como pelos muitos que juntaram as suas vozes para lhe dedicar a «Jornada» de Fernando Lopes Graça.