Ritmo assustador de casas devolvidas aos bancos

Urgem soluções que defendam as famílias

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Estão a ser ul­ti­madas, pre­vendo-se por estes dias a sua en­trega no Par­la­mento, pro­postas do PCP em ma­téria de cré­dito à ha­bi­tação que ajudem a re­solver esse fla­gelo que é o de fa­mí­lias em nú­mero cres­cente – es­tima-se em 25 por dia – serem for­çadas a en­tregar a sua casa ao banco por in­su­fi­ci­ência eco­nó­mica.

A in­tenção foi rei­te­rada por Ber­nar­dino So­ares em re­cente de­bate par­la­mentar onde de­fendeu que neste do­mínio terá de haver a pre­o­cu­pação de en­con­trar «so­lu­ções efec­tivas» e que «te­nham im­pacto real». «Não podem ser so­lu­ções que se apli­quem apenas de forma re­si­dual, porque isso não vai re­solver este pro­blema gra­vís­simo na so­ci­e­dade por­tu­guesa», su­bli­nhou o líder par­la­mentar do PCP, ao in­ter­pelar o de­pu­tado do PS Du­arte Cor­deiro que sus­ci­tara o as­sunto em de­cla­ração po­lí­tica pro­fe­rida em nome da sua ban­cada.

O par­la­mentar do PS, de­pois de ter re­fe­rido que «os úl­timos meses têm re­ve­lado um au­mento pre­o­cu­pante e muito sig­ni­fi­ca­tivo» dos casos de in­cum­pri­mento de cré­dito à ha­bi­tação, ad­vertiu que «se nada for feito» esse nú­mero «po­derá dis­parar, com mi­lhares de fa­mí­lias a per­derem as suas casas».

 

Di­reito à ha­bi­tação

 

A cir­cuns­tância de esta abor­dagem ter como ponto de par­tida «uma si­tu­ação con­tra­tual» não pode no en­tanto fazer es­quecer que antes disso – e esta é a questão que deve ser «posta à ca­beça», se­gundo Ber­nar­dino So­ares –está em causa o di­reito das pes­soas à ha­bi­tação.

Do que se trata é de ha­bi­tação pró­pria e per­ma­nente de fa­mí­lias que, per­dendo este bem, como foi dito, ficam su­jeitas a um «ter­rível so­bres­salto na vida».

Ora é isso que tem que se im­pedir, sus­tentou o pre­si­dente da for­mação co­mu­nista, de­fen­dendo que em pri­meiro lugar têm de ser en­con­tradas so­lu­ções o mais avan­çadas que for pos­sível para que a casa se man­tenha com as pes­soas.

«É aí que deve ser feito o fun­da­mental do es­forço, porque esse é o prin­cipal pro­blema a re­solver e a ga­rantir», in­sistiu, ad­mi­tindo que esse pres­su­posto não an­dará «com­ple­ta­mente fora do in­te­resse das ins­ti­tui­ções ban­cá­rias se estas ti­verem uma pos­tura não ga­nan­ciosa sobre o pro­blema».

Para o PCP, a pri­meira linha de in­ter­venção de­verá ser di­ri­gida, por con­se­guinte, no sen­tido de ga­rantir que em de­ter­mi­nadas si­tu­a­ções – de­sem­prego, sa­lá­rios em atraso, quebra forte do ren­di­mento, entre ou­tras – a casa se man­tenha com as pes­soas, por via de uma mo­ra­tória, de con­di­ções es­pe­ciais, de pe­ríodos de ca­rência, va­ri­adas formas se­lec­tivas e adap­tadas a cada si­tu­ação.

 

Travar abusos

 

Igual­mente im­por­tante, para o PCP, é im­pedir al­te­ra­ções abu­sivas do con­trato. A jus­ti­ficar esta linha de tra­balho está a cons­ta­tação de que se está pe­rante uma «re­lação que não tem sido muito de equi­li­brada».

«Na prá­tica, a mai­oria dos con­tratos que se fazem nesta ma­téria são um con­trato de adesão», re­feriu o líder par­la­mentar do PCP, que lem­brou que a pessoa que vai con­tratar quase não tem hi­pó­teses de fugir às con­di­ções im­postas pelo banco.

Pelo que, con­cluiu, é muito in­justo que mais tarde a anu­lação de qual­quer uma dessas con­di­ções, mesmo que pe­quena, le­gi­time uma al­te­ração subs­tan­cial da taxa de juro ou do spreed.

Por úl­timo, na en­tender da ban­cada co­mu­nista, é pre­ciso pensar no que está no fim da linha – quando todas as ou­tras hi­pó­teses estão es­go­tadas – ou seja na questão de «não poder haver dí­vida re­ma­nes­cente» quando é en­tregue ao banco a casa que é afinal o ob­jecto que foi alvo do cré­dito e da dí­vida.



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