Um êxito histórico
A greve geral de dia 29 em Espanha foi uma das mais participadas de sempre, com uma adesão média de 77 por cento, que se elevou a 97 por cento na indústria, transportes e construção, fixando-se em 57 por cento na Administração Pública.
Espanhóis dão resposta contundente ao governo
Segundo as estimativas dos sindicatos, 11 milhões de trabalhadores aderiram à paralisação, convocada sob o lema «Não à reforma laboral». A condenação veemente das políticas do governo conservador de Mariano Rajoy foi visível nas acções de rua realizadas no final do dia, levando à literal ocupação dos centros das principais cidades por milhões de pessoas, que quiseram assim expressar a sua indignação e descontentamento.
Os sindicatos calculam que o número de manifestantes tenha ascendido a três milhões, em 111 localidades através de todo o país. Estes cálculos não andarão longe da realidade. A julgar pelos números divulgados na imprensa, mesmo cidades de pequena ou média dimensão assistiram a enormes desfiles, como são os casos de Vigo, com 100 mil pessoas, Corunha, 60 mil, Valadolid, 50 mil, ou Palma de Maiorca com 60 mil manifestantes.
Na capital, Madrid, cerca de um milhão desfilou pelas ruas, somando-se mais cerca de 300 mil em Barcelona e Valência. Em diversas cidades da Andaluzia, os protestos juntaram um total de 400 mil pessoas.
E apesar de o governo e o patronato terem tentado minimizar a escala do protesto, os dados oficiais mostram que nos transportes urbanos das grandes cidades apenas foram cumpridos os serviços mínimos, impostos pelas autoridades em 30 por cento. Situação idêntica verificou-se nas ligações ferroviárias regionais e inter-regionais. Por último, a greve fez cair o consumo de electricidade em 23 por cento.
Corrigir o rumo
O êxito incontestável da jornada foi sublinhado pelos dirigentes das duas principais centrais sindicais. Para Ignacio Fernandez Toxo, das CC.OO, «o diálogo pode converter esta greve numa oportunidade. Se assim for, é possível corrigir a situação. Se não, haverá um conflito social crescente, que estará bem patente já no próximo 1.º de Maio.» Candido Mendez, da UGT, notou que «Espanha está no limite» devido às políticas do governo. E salientou que o êxito da greve «é indiscutível», tendo alcançado particular adesão na indústria e nos serviços.
As grandes unidades industriais pararam e foram ocupadas pelos trabalhadores, caso do sector automóvel (Nissan, Renault, Mercedes, Seat e General Motors), dos respectivos fornecedores de equipamento (Mann-Hummel, Fico Mirrors, Valéo), do sector mineiro (Hullera Vasco-Leonesa), da aeronáutica (EADS), do sector siderúrgico (Acerinox, Siderurgica Balboa, Sidenor), do sector portuário, com 28 grandes portos paralisados, entre vários outros.
A adesão foi menor no sector da saúde e nos serviços da administração central, mas mesmo aí um em cada dois trabalhadores fez greve. No ensino, alcançou os 70 por cento, observando-se uma percentagem semelhante nos municípios.
A CGTP-IN enviou mensagens de solidariedade às centrais sindicais CC.OO. e UGT, bem como às centrais sindicais da Galiza, CIG e CUT, e do País Basco, ELA-STV e LAB.