MURPI reclama explicações
Um manto de silêncio abate-se sobre a notícia de que, entre 13 e 26 de Fevereiro, morreram 6110 pessoas, a maioria idosos. O MURPI exige explicações sobre o alegado surto epidemiológico, avançado, entretanto, pelo Instituto de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
A saúde está cada vez mais degradada
Para a Confederação Nacional dos Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI) «não são aceitáveis ou permitidas justificações que se escondam por trás de prováveis mutações de vírus ou da conjugação de factores de casualidade do frio associado à disseminação de agentes infecciosos respiratórios».
Neste sentido, exige-se saber «qual o estado da vacinação contra os agentes da gripe em Portugal, em especial no grupo de risco – população idosa?»; «qual a prevalência de doenças crónicas associadas nas pessoas idosas que morreram?»; «qual a percentagem de pessoas idosas que morreram longe de centros de saúde aos quais só podiam recorrer caso pagassem os transportes?»; «quantas pessoas foram vítimas do menor ou dificultado acesso aos cuidados de saúde, como consequência do aumento brutal das taxas moderadoras e dos elevados custos dos medicamentos?», e «quantas das pessoas idosas que morreram auferiam pensões mínimas, muitas sem amparo de outrem, isoladas e com dificuldades acrescidas para fazer frente ao aumento do custo de vida?».
Perguntas que, certamente, «não terão resposta», lamenta a Confederação, em nota de imprensa, onde critica o «estado de degradação com que funcionam os serviços de saúde, consequência de saída de profissionais de saúde e dos cortes orçamentais impostos pelo actual Governo».
«Deduzimos, sem muito esforço, que a maioria (cerca de 75 por cento) destas pessoas que morreram são idosas de rendimentos baixos (com pensões inferiores a 300 euros), vivendo em habitações degradadas sem aquecimento, e desprovidas de qualquer protecção ou vigilância social», avança o MURPI, frisando que «esta realidade», que o poder político procura esconder fazendo crer que o surto epidemiológico foi uma fatalidade, «resulta das consequências gravosas do pacto de agressão da troika, com os cortes orçamentais na área da segurança social e na saúde».