O resultado da CDU está a ser construído
A CDU está a crescer, afirmou Jerónimo de Sousa no dia 26, em Lisboa, no final de uma jornada em que apelou à luta dos jovens e recebeu o apoio à Coligação de 650 trabalhadores dos transportes.
Os jovens serão capazes de tomar nas suas mãos o seu próprio destino
O dia, que terminou com um grande jantar-comício no mercado de Santa Clara, no coração de Lisboa (ver texto nesta página), ficou marcado por um encontro com dezenas de jovens, que esteve marcado para o Largo do Carmo mas que a chuva obrigou a que se realizasse no salão do Centro de Trabalho Vitória. Aí, Jerónimo de Sousa, após escutar depoimentos pungentes sobre as dificuldades que se colocam hoje às novas gerações, lembrou que sem trabalho estável e salários dignos e sem acesso a habitação «não se constrói uma vida».
Para o Secretário-geral do PCP, a história recente do País mostra que no capitalismo os direitos não são eternos, pelo que os jovens não receberão de herança nenhumas garantias conquistadas no 25 de Abril pelas gerações anteriores. Pelo contrário, realçou, terão de ser eles a alcançá-las com a sua luta. Os tempos que aí vêm não serão fáceis para os jovens, acrescentou, manifestando porém a sua confiança na capacidade das novas gerações para tomarem nas suas próprias mãos o seu devir colectivo.
O dirigente do PCP alertou para as medidas contidas no plano da troika, que é no fundo o programa comum do PS, PSD e CDS, que agravarão ainda mais as condições de vida da juventude. A facilitação dos despedimentos e a desregulação dos horários afectam primeiro os jovens trabalhadores, enquanto o aumento dos spreads bancários e dos impostos sobre casa própria impedirá o acesso à habitação a ainda mais jovens.
Assim, aos jovens está colocada uma de duas opções: ou votam nos partidos da troika (PS, PSD e CDS) votando assim em mais desemprego, mais precariedade, mais emigração e num ensino mais elitizado; ou votam na força que as combate e que tem as soluções para os graves problemas que afectam hoje os jovens portugueses.
A CDU propõe, entre outras medidas, a passagem a efectivos dos trabalhadores que desempenhem funções permanentes; a conversão imediata dos falsos recibos verdes em contratos de trabalho; a imposição por parte da Caixa Geral de Depósitos de um spread máximo de 0,5 por cento no crédito à habitação; a passagem para o Estado das escolas públicas e a extinção da Empresa Parque Escolar; a gratuitidade dos manuais escolares durante a escolaridade obrigatória; o fim dos exames nacionais; o aumento do número de bolsas e dos seus valores; a revogação do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior e a saída de Portugal do Processo de Bolonha.
Para além do Secretário-geral do PCP, interveio a deputada Rita Rato, que lançou o debate, fazendo uma profunda análise à situação da juventude, valorizando a luta travada pelos jovens estudantes e trabalhadores e realçando a acção do PCP e do PEV em sua defesa.
Defender o sector dos transportes
Horas antes, no átrio interior da estação ferroviária do Rossio, Jerónimo de Sousa recebera um manifesto de apoio à coligação PCP-PEV subscrito por 651 trabalhadores do sector dos transportes do distrito de Lisboa, entre os quais 175 membros de organizações representativas dos trabalhadores. Agradecendo tão significativo apoio, o Secretário-geral do PCP afirmou tratar-se do reconhecimento pela acção permanente que os comunistas e seus aliados desenvolvem, no Parlamento e nas lutas do dia-a-dia, em prol dos trabalhadores do sector e do próprio serviço público de transporte.
Acompanhado na mesa da sessão pelos candidatos José Luís Ferreira, do PEV, Amável Alves e José Manuel Oliveira (ambos trabalhadores do sector) e por Manuel Gouveia, do Comité Central do PCP, Jerónimo de Sousa alertou para as consequências no sector do plano assinado entre a troika estrangeira e a troika nacional, a começar pela privatização de importantes empresas como a TAP, a ANA, a CP Carga e as linhas suburbanas de Lisboa e Porto da CP.
Para além de representarem mais uma machadada na soberania nacional, estas privatizações, a avançarem, significarão para os utentes serviços piores e mais caros. Como lembrou um dos participantes na sessão, trabalhador da Carris, há países da Europa em que os autocarros, para serem «rentáveis», só iniciam a corrida quando estão cheios. Para os trabalhadores, as privatizações representarão a redução de postos de trabalho e de salários.
Foi ainda apresentada a proposta da CDU para uma Política de Transportes Patriótica e de Esquerda, cujas linhas centrais assentam na «prioridade absoluta» ao transporte público, com preços aliciantes para a sua utilização, na complementaridade entre os diversos modos de transporte, no desenvolvimento do tráfego de mercadorias ou na manutenção do carácter público das empresas estratégicas do sector aéreo.
A proposta inclui ainda o desenvolvimento da alta velocidade ferroviária sem recurso a Parcerias Público-Privadas e a reconstrução de uma Marinha Mercante Nacional.
PS, PSD e CDS fazem falsas promessas
Tenham vergonha!
No grande jantar-comício do mercado de Santa Clara, na freguesia lisboeta de São Vicente de Fora, com que terminou o dia de campanha, Jerónimo de Sousa acusou PS, PSD e CDS de estarem a mentir ao eleitorado.
Em sua opinião, PS e PSD não podem degladiar-se sobre qual deles tem as melhores soluções para o crescimento económico e a criação de emprego quando assinaram o pacto da troika estrangeira que impõe a recessão e aponta para o brutal aumento do desemprego. Nem pode o CDS apresentar-se como defensor das pensões e reformas mais baixas quando votou o seu congelamento até 2013, a par de um radical aumento de preços de bens e serviços essenciais. «Tenham vergonha», exortou Jerónimo de Sousa.
Considerando que o voto na CDU é hoje mais necessário do que nunca, o Secretário-geral do PCP garantiu que há cada vez mais gente com a consciência desta necessidade. O resultado da Coligação, garantiu Jerónimo de Sousa, continua a ser construído, confiando que a CDU «está a crescer».
Antes, José Luís Ferreira, dirigente do PEV e candidato por Lisboa, apelou ao voto na CDU, lembrando que há votos que contam para a mudança e outros que deixam tudo na mesma.