Dar voz ao Algarve
A uma semana do encerramento da campanha, a CDU foi até ao Algarve, onde as expectativas em relação ao futuro são cada vez maiores. Acompanhado por Paulo Sá, cabeça de lista pela região, Jerónimo de Sousa visitou, sexta-feira, o Mercado Municipal de Olhão e a Associação de Reformados Pensionistas e Idosos de Vila Real de Santo António, e, à noite, participou num jantar-comício, em Faro, com mais de três centenas de pessoas.
Política de afrontamento a quem trabalhou a vida inteira
Olhão recebeu de braços abertos e sorrisos rasgados o Secretário-geral do PCP. No Mercado Municipal ouviu os desabafos dos comerciantes e dos clientes, que, de sacos vazios, lhe disserem que a situação é cada vez mais insustentável. A todos eles, Jerónimo de Sousa deixou uma mensagem de confiança, de que a CDU tem um projecto e alternativa à política que PS, PSD e CDS querem impor ao povo português.
No final da acção, constatou-se que o Algarve precisa de deputados, que, com honestidade, competência e empenhamento, intervenham tendo como preocupação os interesses da região e os interesses nacionais.
«A CDU está a crescer e tem reais possibilidades de eleger um deputado no distrito», salientou o Secretário-geral do PCP, deixando um desafio ao Governo: «subir o salário mínimo para os 500 euros, tal como foi acordado na concertação social». Denunciou, ainda, o «problema dos atrasos em pagamentos de salários a milhares de trabalhadores».
«O Governo tem um compromisso que é o aumento do salário mínimo nacional, tendo em conta o acordo estabelecido com as centrais sindicais e com as centrais patronais», disse, alertando para o facto de existirem «dezenas de milhares de trabalhadores que não recebem» e que a dívida a esses trabalhadores ultrapassa os 30 milhões de euros.
Combater a pobreza
Na parte da tarde, Jerónimo de Sousa visitou a Associação de Reformados Pensionistas e Idosos de Vila Real de Santo António, onde acusou PS, PSD e CDS pela «política de afrontamento a quem trabalhou a vida inteira» e defendeu a valorização dos salários durante a carreira contributiva.
Acolhido por um «calor humano» inigualável, o Secretário-geral do PCP ouviu o presidente da Associação, que lhe deu conta de que os reformados «estão unidos» na defesa das questões da saúde e das reformas, e que o concelho, com uma população muito envelhecida, onde abunda o encerramento de empresas e comércio, «é vítima da política seguida pelo PS, PSD e CDS». Aproveitando o momento, criticou, ainda, a Câmara Municipal por não cumprir com os protocolos assinados com a associação de reformados, que tem entre 700 e 750 associados. «Há muitas pessoas com necessidades no nosso concelho, e muitos já passam fome», alertou.
A terminar, Jerónimo de Sousa salientou que os mais idosos são «uma camada da sociedade muito importante» e que o Estado tem grandes responsabilidades nesta área. «O que verificamos hoje, no nosso País, particularmente com os idosos, é uma política de afrontamento a quem trabalhou uma vida inteira», disse, frisando que dos dois milhões de pobres em Portugal, «muitos são reformados e pensionistas, com «reformas baixíssimas», cerca de 170 mil com reformas entre os 109 e os 200 euros, e um milhão e 700 mil com reformas que vão até aos 300 euros».
Para o Secretário-geral do PCP, «a causa primeira e principal desta situação tem a ver, de facto, com uma política de baixos salários». «A primeira forma de combater a pobreza e as reformas baixas é valorizar os salários durante a carreira contributiva. É por isso mesmo que é necessário manter o apoio social a esta camada vulnerável», defendeu, apelando ao voto dos reformados nas eleições legislativas para «castigar» os partidos que acordaram o pacote da troika.
«No dia 5 de Junho, cada reformado tem uma oportunidade de castigar quem está contra si e tem a possibilidade de valorizar e dar força a quem está com ele», disse Jerónimo de Sousa.
CDU está a crescer
O dia terminou em grande e em Faro. Mais de três centenas de pessoas, a quem se juntaram muitos outros, participaram num jantar-comício que tinha como lema «Agora CDU, por uma política patriótica e de esquerda», que contou com as intervenções de Jerónimo de Sousa, Paulo Sá e José Luís Ferreira, do Partido Ecologista «Os Verdes», que já se havia juntado à comitiva em Vila Real de Santo António.
Por entre as cores das bandeiras da CDU empunhadas pelos apoiantes, palavras de ordem exigiam «Portugal a produzir, mais produção, melhores salários», «emprego, salários, soberania» e «emprego com direitos».
O primeiro a intervir foi Paulo Sá. «Travamos esta batalha eleitoral com determinação e confiança, inserindo-a numa luta mais geral contra a política de direita que arruinou Portugal, atacou os direitos laborais e sociais, acentuou as injustiças e desigualdades, hipotecou a nossa soberania e comprometeu o futuro», destacou o cabeça de lista pelo Algarve, alertando: «O Algarve encontra-se mergulhado numa profunda crise económica e social».
«De acordo com os mais recentes dados, há, no Algarve, 38 600 desempregados, a que corresponde uma taxa de 17 por cento, de longe a mais elevada a nível nacional. Se a estes desempregados somarmos os inactivos disponíveis e o sub-emprego visível, a taxa de desemprego ultrapassa os 20 por cento. Ou seja, em cada cinco algarvios, um está desempregado», frisou, não esquecendo que nos jovens com menos de 25 anos «a taxa de desemprego é ainda maior, atingindo quase 30 por cento».
No Algarve, continuou Paulo Sá, «cerca de 26 mil crianças e jovens perderam o direito ao abono de família», havendo ainda, entre outros casos, «centenas de estudantes universitários a perderem total ou parcialmente as suas bolsas de estudo» e «milhares de pessoas a perderem o subsídio de desemprego».
«Vamos dizer que o Algarve e o País não estão condenados a este rumo de declínio e afundamento. Vamos mostrar que as nossas propostas são, não apenas justas, mas indispensáveis para enfrentar os graves problemas regionais e nacionais», apelou.
Seguiu-se José Luís Ferreira que afirmou que o acto eleitoral de 5 de Junho «assume uma extrema importância para o nosso destino colectivo e pode traduzir-se numa escolha, mas ao mesmo tempo é uma oportunidade» para «penalizar os responsáveis pela grave crise que o País atravessa». «É tempo de procurar outros caminhos, de construir alternativas à esquerda», disse, lembrando que a CDU «tem propostas para ultrapassar a crise e melhorar a qualidade de vida dos portugueses».
Por seu lado, Jerónimo de Sousa frisou que a CDU está a crescer por todo o País, e, no Algarve, o povo vai contribuir, certamente, para a eleição de Paulo Sá. «A CDU vai ter um bom resultado», assegurou, explicando que os deputados eleitos pela Coligação «fazem muita falta não apenas nas regiões de onde são oriundos, mas a todo o País». «Cada vez mais portugueses estão a compreender que quantos mais votos tiver a CDU, mais enfraquecida fica a política de direita e mais fracos ficam o PS, o PSD e o CDS», acrescentou.
Medidas urgentes
No Algarve, para além de Paulo Sá, integram a lista da CDU Vera Dourado, Ana Boto, Ângelo Barão, Carina Carmo, Sílvia Marques, Filipe Parra, Nelson Freitas e Leonor Agulhas, candidatos que propõem defender o «lançamento de um plano de urgência que responda à grave situação do desemprego que atinge a região», a «dinamização das actividades económicas ligadas ao mar», «apoio ao comércio tradicional», «medidas de apoio aos micro e pequenos empresários», «requalificar e modernizar o caminho-de-ferro», a «não introdução de portagens na Via do Infante», «atrair investimento produtivo de base não poluente», «construir uma nova ligação rodoviária internacional pela ponte de Alcoutim a San Lúcar» e «acelerar a aplicação dos fundos comunitários».