A quem serve o «empréstimo»?
- Está nas mãos dos portugueses, através do seu voto, abrir caminho a uma outra política e um outro governo com o PCP e a CDU
Dos 78 mil milhões de euros do «empréstimo» 12 mil milhões euros servirão para a criação de um fundo público para apoio dos aumentos de capital que a banca terá que fazer para cumprir os rácios de solvabilidade e de liquidez exigidos pela troika.
Mas os apoios à banca não se ficam por aqui. Apesar de não fazer parte deste pacote financeiro, o Estado irá disponibilizar 35 mil milhões de euros em garantias aos empréstimos que a banca precisar de realizar, baixando assim o juro que a mesma banca terá que suportar. No caso destas garantias serem accionadas por incumprimento da banca, este montante entrará imediatamente na dívida pública, agravando ainda mais o endividamento.
Segundo as previsões/exigências do FMI/BCE/CE, o défice em 2011 deverá ser no máximo 10 068 milhões de euros, 7645 milhões em 2012 e 5224 milhões em 2013. Tendo em conta que serão necessários 12 mil milhões de euros para financiar o reforço de capitais da banca e não os 9 mil milhões previstos em Orçamento do Estado, este novo esforço financeiro exigido aos contribuintes agravará em cerca de 30% o défice orçamental. Tudo isto num momento em que se agrava as condições de vida dos portugueses, se agrava o desemprego, se cortam os apoios sociais e se atacam os direitos políticos, económicos e sociais dos trabalhadores.
Assim, dos 78 mil milhões cerca de 55 mil milhões não serão utilizados para fazer face às necessidades de financiamento do Estado, servirão para pagar o montante de dívida que vence durante este período e os juros respectivos. Ou seja, a troika PS/PSD/CDS decidiu aceitar endividar ainda mais o Estado Português para garantir a amortização da dívida e o pagamento dos juros aos sectores financeiros detentores de dívida pública portuguesa, muitos dos mesmos que especularam e conduziram a taxa de juro da mesma dívida acima dos 12%. Alguns dos quais irão beneficiar do apoio de 12 mil milhões de euros de dinheiros públicos.
De acordo com as próprias declarações do FMI, do BCE e da CE, no final dos sete anos e meio previstos para o pagamento do empréstimo, Portugal deverá ter pago um total de juros não inferior a 30 mil milhões de euros. Ou seja, ao endividamento para pagar dívidas, Portugal somará um novo encargo ao montante do empréstimo num valor que representa cerca de 40% deste. Só em juros Portugal terá que pagar um valor não inferior a 3,6 anos do Orçamento previsto para o Ministério da Saúde e a 4,6 anos do previsto para o Ministério da Educação. Assim, ao fim de 7,5 anos Portugal terá que pagar, pelo menos, mais 108 mil milhões de euros, cerca de 62% do PIB português em 2010.