Trabalhadores da Administração Pública respondem ao ataque

Protesto com mais razão

Par­ti­cipar na ma­ni­fes­tação na­ci­onal do pró­ximo sá­bado faz ainda mais sen­tido, de­pois de con­cre­ti­zada a ne­go­ciata entre o Go­verno e o PSD, que mantém no Or­ça­mento do Es­tado tudo o que é mau para os tra­ba­lha­dores.

Na mo­bi­li­zação para dia 6 sente-se já o clima da greve geral

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Esta ideia foi sa­li­en­tada an­te­ontem ao Avante! por Ana Avoila, co­or­de­na­dora da Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, a es­tru­tura que con­vocou o pro­testo de 6 de No­vembro. Num breve de­poi­mento, as­si­nalou que se tem no­tado uma mais forte mo­bi­li­zação nos sec­tores mais afec­tados pelas me­didas de «aus­te­ri­dade» que o Go­verno in­cluiu no OE (agora com apoio do PSD, que sig­ni­fica mai­ores cortes nas des­pesas e, muito pro­va­vel­mente, nas des­pesas re­la­tivas à re­mu­ne­ração dos tra­ba­lha­dores) e também nos sec­tores onde tais me­didas re­pre­sentam a ne­gação de acordos al­can­çados após duras e pro­lon­gadas lutas (como su­cede entre pro­fes­sores e en­fer­meiros).

N as «cen­tenas» de ple­ná­rios e reu­niões, nas ini­ci­a­tivas de dis­tri­buição de do­cu­mentos e nos di­versos con­tactos que os sin­di­catos con­ti­nuam a re­a­lizar, em todo o País, «a in­dig­nação é muito grande e nota-se por todo o lado», porque «é muita coisa junta» a acen­tuar «o des­cré­dito destes se­nhores» e a ori­ginar «uma von­tade muito grande de fazer algo contra isto», contou a di­ri­gente, que in­tegra igual­mente a Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN.

Ana Avoila afirmou a con­vicção de que «es­tamos a tra­ba­lhar para uma das mai­ores ma­ni­fes­ta­ções de sempre» neste sector.

Na acção de es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação já re­a­li­zada, vê ainda a con­fir­mação de que «há uma grande von­tade» dos tra­ba­lha­dores ade­rirem à greve geral. «As pes­soas juntam as duas coisas, sen­timos já o clima da greve geral» nos lo­cais de tra­balho, a que acresce «uma grande sim­patia das po­pu­la­ções» em re­lação à luta de 24 de No­vembro. «Vai ser uma ex­ce­lente greve e a ma­ni­fes­tação de dia 6 é um tra­balho ex­ce­lente para que assim seja, tal como para as lutas que te­remos que de­sen­volver a se­guir», con­si­derou a co­or­de­na­dora da Frente Comum.

 

Todos atin­gidos

 

A ma­ni­fes­tação vai trazer para as ruas o justo pro­testo de tra­ba­lha­doras e tra­ba­lha­dores dos di­fe­rentes sec­tores e pro­fis­sões da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, que re­jeitam novas e graves perdas de re­mu­ne­ração e de di­reitos. Con­tra­ri­ando a ideia que o Go­verno tentou dar, de que apenas al­guns es­tratos se­riam afec­tados pelas me­didas do «PEC 3» e do Or­ça­mento do Es­tado para 2011, a Frente Comum e os sin­di­catos sa­li­entam que todos os tra­ba­lha­dores são atin­gidos.

Mais de 600 mil, que des­contam para a Caixa Geral de Apo­sen­ta­ções, perdem mais um por cento, de­vido ao au­mento destes des­contos, que passam a ficar 1,5 por cento acima dos 11 por cento da Taxa So­cial Única, nas em­presas pri­vadas.

Quase 500 mil vão ter cortes sa­la­riais entre 3,5 e dez por cento, quando a re­mu­ne­ração bruta no mês ul­tra­passar 1500 euros.

Contra todos estes e contra al­guns ou­tros que possam não ser abran­gidos na­queles cri­té­rios, o Go­verno e o PSD dis­param o au­mento dos im­postos (do IVA e do IRS), a re­dução das com­par­ti­ci­pa­ções da ADSE, os cortes no abono de fa­mília e ou­tros apoios so­ciais, o con­ge­la­mento das pro­gres­sões e das pro­mo­ções (bem como do tempo de ser­viço), des­pe­di­mentos aos mi­lhares (re­sul­tado de não re­no­vação de con­tratos a prazo, seja por ex­tinção e fusão de ser­viços, seja pelo con­ge­la­mento de ad­mis­sões), os cortes nas trans­fe­rên­cias para as au­tar­quias lo­cais e para ser­viços pú­blicos e sec­tores como a Edu­cação e a Saúde...


Ine­vi­tável?

 

No dia 10, quarta-feira, a partir das 13.30 horas, no au­di­tório Bento de Jesus Ca­raça (na sede da CGTP-IN), vai ser posto em evi­dência que as op­ções do Go­verno e do PSD não são ine­vi­tá­veis, mesmo se o ob­jec­tivo for es­tri­ta­mente a con­tenção do dé­fice das contas pú­blicas.

Por ini­ci­a­tiva da Frente Comum, da CGTP-IN e de fe­de­ra­ções e sin­di­catos re­pre­sen­ta­tivos de tra­ba­lha­dores de em­presas pú­blicas e par­ti­ci­padas (no­me­a­da­mente no sector fi­nan­ceiro e nos trans­portes e co­mu­ni­ca­ções), o tema vai ser tra­tado por três es­pe­ci­a­listas con­vi­dados: Jorge Leite (cons­ti­tu­ci­o­na­lista), Vítor Fer­reira (ju­rista) e João Fer­reira do Amaral (eco­no­mista).



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