Mobilização nacional para a greve geral

Transportes e comunicações vão parar

Mais de 300 re­pre­sen­tantes dos tra­ba­lha­dores dos trans­portes e co­mu­ni­ca­ções ape­laram, dia 27 de Ou­tubro, em Lisboa, à adesão de todos os tra­ba­lha­dores à greve geral de 24 de No­vembro.

Da fir­meza dos tra­ba­lha­dores de­pende o su­cesso da luta

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Pro­ve­ni­entes de todo o País, em re­pre­sen­tação dos tra­ba­lha­dores das mais im­por­tantes em­presas de trans­portes e co­mu­ni­ca­ções, os par­ti­ci­pantes con­cen­traram-se em frente do Mi­nis­tério das Fi­nanças, tendo-se, pos­te­ri­or­mente, des­lo­cado em ma­ni­fes­tação até di­ante do Mi­nis­tério dos Trans­portes, numa acção na­ci­onal de luta e mo­bi­li­zação pro­mo­vida pela Fe­de­ração dos Sin­di­catos de Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções, Fec­trans/​CGTP-IN. Ali, apro­varam, por una­ni­mi­dade e acla­mação, uma re­so­lução onde se des­taca «um forte apelo» à greve geral.

Também apro­vada pelas es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas de re­for­mados e pen­si­o­nistas do sector, pre­sentes na acção, a re­so­lução com­pro­mete os par­ti­ci­pantes a «com­bater, por todas as formas, as me­didas pre­vistas nos di­versos PEC, que visam a re­dução dos sa­lá­rios e dos di­reitos no tra­balho»; «re­forçar a luta em de­fesa do tra­balho com di­reitos, sem dis­cri­mi­na­ções, pelo fim da pre­ca­ri­e­dade», e «com­bater a re­ti­rada das pres­ta­ções so­ciais que re­sultam em agra­va­mentos dos custos dos ser­viços pú­blicos de saúde, edu­cação, e re­duzem o acesso ao sub­sídio de de­sem­prego» .

A provar que o re­forço da uni­dade está a ser con­se­guido es­teve a par­ti­ci­pação, nesta acção, de re­pre­sen­tantes de es­tru­turas sin­di­cais não fi­li­adas na CGTP-IN.

 

Fir­meza e fron­ta­li­dade

 

Antes de a ma­ni­fes­tação ter saído, em fila or­de­nada, do largo frente à es­tação flu­vial do Ter­reiro do Paço, re­pre­sen­tantes dos vá­rios sec­tores con­fir­maram como a adesão à greve geral está a crescer, a cada dia que passa.

O co­or­de­nador da Fec­trans, Amável Alves, re­cordou os boi­cotes pa­tro­nais à con­tra­tação co­lec­tiva, a pre­ca­ri­e­dade e a re­ti­rada pro­gres­siva de di­reitos, avi­sando que, «até à greve geral, pa­tro­nato e Go­verno tudo farão para im­pedir o su­cesso da luta, cujo re­sul­tado de­pende da nossa fir­meza e fron­ta­li­dade».

Sa­li­en­tando como «o Go­verno tem al­te­rado a or­ga­ni­zação do tra­balho, dando força ao pa­tro­nato e fra­gi­li­zando a po­sição dos tra­ba­lha­dores», Amável Alves res­pon­sa­bi­lizou o Exe­cu­tivo PS por «deixar as or­ga­ni­za­ções pa­tro­nais fa­zerem “gato-sa­pato” da le­gis­lação la­boral».

Também in­ter­vi­eram Vítor Nar­ciso, pre­si­dente do Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores dos Cor­reios e Te­le­co­mu­ni­ca­ções; José Ma­nuel Oli­veira, pre­si­dente do Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores do Sector Fer­ro­viário; José Au­gusto, res­pon­sável na Fec­trans pelo sector dos trans­portes flu­viais; e Fer­nando Fi­dalgo, di­ri­gente do Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores dos Trans­portes Ro­do­viá­rios e Ur­banos de Por­tugal. Todos ga­ran­tiram que os tra­ba­lha­dores estão mo­bi­li­zados e dis­postos a sen­si­bi­lizar a po­pu­lação, dentro e fora das em­presas, para o su­cesso da luta.

 

Travar san­ções na Carris

 

Na re­so­lução saída desta acção, os par­ti­ci­pantes so­li­da­rizam-se «ac­ti­va­mente com os tra­ba­lha­dores da Carris, ví­timas de re­pressão da ad­mi­nis­tração, apoiada pelo Go­verno», e exigem «a ime­diata re­ti­rada das san­ções dis­ci­pli­nares», apli­cadas a 26 tra­ba­lha­dores das es­ta­ções da Mus­gueira, Pon­tinha e Mi­ra­flores que, na greve de trans­portes de 27 de Abril, não cum­priram «ser­viços mí­nimos» de­cre­tados sem o acordo dos sin­di­catos, que os im­pug­naram em tri­bunal.

«A ad­mi­nis­tração en­trou em ile­ga­li­dade por não ter cum­prido uma dis­po­sição do Acordo de Em­presa, se­gundo a qual, quando um pro­cesso dis­ci­plinar é im­pug­nado em tri­bunal, a apli­cação das me­didas fica sus­pensa», ex­plicou ao Avante!, Ma­nuel Leal (STRUP/​CGTP-IN).

«Foram-lhes ins­tau­rados pro­cessos dis­ci­pli­nares, pri­meiro com vista ao des­pe­di­mento, tendo-se al­te­rado as san­ções, após vá­rias ac­ções de luta contra os pro­cessos, para dias de sus­pensão, que foram cum­pridos por al­guns dos vi­sados, en­quanto ou­tros, estão agora a cumpri-los», es­cla­receu.

Após «numa se­gunda fase do pro­cesso ter sus­penso as pe­na­li­za­ções, com a apro­xi­mação da greve geral, a ad­mi­nis­tração da Carris deu nova ordem aos tra­ba­lha­dores para cum­prirem as san­ções».

A Fec­trans anun­ciou que a anu­lação de todos estes pro­cessos é um ob­jec­tivo de toda a es­tru­tura sin­dical da CGTP-IN no sector.



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