Irresponsável é o Governo

«Irresponsabilidade seria um partido da oposição ficar de braços cruzados perante a violência social das medidas que este Governo tenciona impor aos portugueses». Foi nestes termos que a bancada comunista ripostou à acusação de «irresponsabilidade» repetidamente proferida ao longo do debate pelo PS e o Governo.

«O PCP está a assumir as suas responsabilidades, a honrar os seus compromissos com os eleitores, ao contrário do que o Governo tem feito que é faltar aos seus compromissos e furtar-se às suas responsabilidades», sublinhou o deputado comunista António Filipe.

E à acusação do primeiro-ministro de que o PCP está a causar «instabilidade no País», contrapôs com o argumento de que há com efeito muita instabilidade no País mas não é o PCP que a cria.

«A instabilidade que os portugueses hoje sentem é a criada pelas medidas que o Governo procura impor aos portugueses, a criada pelas políticas do Governo», esclareceu, adiantando que «basta falar com as pessoas na rua para se perceber que a censura ao Governo é generalizada».

O que acontece, na perspectiva da bancada comunista, por duas razões fundamentais: «a primeira, porque as pessoas sentem que as medidas que o Governo chama de combate à crise são profundamente injustas e vão mais uma vez sacrificar aqueles que sempre têm sido sacrificados quando se fala de combate ao défice; a segunda razão, é porque as pessoas percebem que o Governo e o PS lhes mentiram e mentiram ao País».

Trazidas a lume, a este propósito, foram ainda as afirmações do Governo no último semestre do ano passado de que a crise estaria já ultrapassada. «Pois o que os portugueses hoje sabem é que não era a crise que estava a afastar-se mas sim as eleições que estavam a aproximar-se, verificando-se agora que o Governo com redobrada violência quer impor sacrifícios acrescidos aos mesmos de sempre», observou, mordaz, antes de concluir: «O que acontece é que os portugueses estão fartos de fazer sacrifícios, estão fartos que lhes faltem à verdade, estão fartos - apesar dos seus sacrifícios - de ver o País cada vez pior».



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