Exploração desenfreada
Durante a audição promovida pelo PCP ouviram-se relatos convergindo na denúncia sobre a insaciável ganância que leva o patronato a não desperdiçar expedientes para intensificar a exploração dos trabalhadores. Reestruturação, racionalidade, flexibilidade, competitividade, adaptabilidade, rendibilidade, e outros palavrões, não querem dizer outra coisa que não seja: garantir a máxima exploração, para atingir o máximo lucro.
É assim na ex-Siderurgia Nacional (Seixal), onde os horários são feitos em «função exclusiva dos interesses da empresa», enquanto no Sector das Indústrias Eléctricas, onde as jornadas de 12 horas não são novidade (começaram em Évora, com a Siemens, como lembrou o dirigente sindical Manuel Correia), tal alteração trouxe consigo «elevados ritmos de trabalho e doenças profissionais», sem respeito sequer pelas pausas.
Quadro negro vive-se também no sector dos Transportes, onde «a bagunça é total», segundo Vítor Pereira, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, que lembrou os frequentes horários de 12, 13 e 14 horas feitos pelos motoristas, dado receberem em função dos quilómetros efectuados, não havendo controlo do tempo de descanso.
No sector de passageiros, por sua vez, o que interessa é pôr os motoristas a trabalhar nas horas de ponta, mesmo que isso os obrigue a ficar à disposição da empresa durante 12 e mais horas, como sublinhou Ricardo Cunha, da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, que denunciou ainda a circunstância de os trabalhadores só disporem de uma folga semanal a que acresce o não pagamento das horas extra.
Sector com muitos problemas é também o do Comércio e Serviços, onde todos os expedientes dos patrões obedecem à mesma lógica de reduzir a remuneração dos trabalhadores. Exemplo é o Matadouro de Beja onde, a pretexto dos picos de produção, foi criado um «banco de horas» que é na prática trabalho gratuito, como referiu Manuel Guerreiro, do CESP, que assinalou que tão grave quanto a sua duração é a «organização dos horários», o que interfere de forma brutal na vida pessoal dos trabalhadores.
Na restauração e hotelaria, por sua vez, o cenário não é melhor. A pretexto da crise, assiste-se a uma tentativa de «redução de pessoal, à intensificação dos ritmos de trabalho e ao aumento da carga horária», informou Rudolfo Caseiro, que asseverou ser a área das cantinas aquela onde ocorrem «maiores injustiças», com jornadas de 12 e 14 horas, em que «as mulheres não têm vida própria».
Os efeitos da chamada «adaptabilidade» começam a sentir-se também na administração local, realçaram os representantes do STAL, que puseram em evidência como aquele regime subverte esse princípio subjacente à administração pública que é o de a rentabilidade não estar acima dos interesses da população.
Horários ilegais são também praticados nos CTT, onde ocorrem intervalos de descanso superiores a quatro horas, persistindo também problemas ao nível das escalas, tudo isto numa empresa onde, apesar de tudo, após dois anos de luta, os trabalhadores obtiveram uma importante vitória ao assinarem um acordo em que saíram derrotadas pretensões da administração.
Da União dos Sindicatos de Lisboa, pela voz de Libério Domingos, veio o alerta para esta ambição do patronato que é não só «decidir sobre o tempo de trabalho mas também sobre o tempo de descanso», isto é, de «querer a vida toda dos trabalhadores».
Em representação da Comissão de Trabalhadores da Lisnave, Ricardo Malheiro trouxe à audição a informação de que na empresa os trabalhadores saídos da formação já estão a ser confrontados com a adaptabilidade na assinatura do contrato, revelando que são obrigados a fazer cem horas extraordinárias por ano para a empresa e que só depois desse objectivo cumprido é que recebem horas extraordinárias.
Joaquim Dionísio, da CGTP, sublinhou que o principal problema é que «as pessoas estão profundamente desvalorizadas» e são encaradas como «meros instrumentos de trabalho».
O que conta são os lucros da empresa, observou, fazendo notar que quanto mais as pessoas trabalharem pelo mesmo ordenado menos ficarão a ganhar.
É assim na ex-Siderurgia Nacional (Seixal), onde os horários são feitos em «função exclusiva dos interesses da empresa», enquanto no Sector das Indústrias Eléctricas, onde as jornadas de 12 horas não são novidade (começaram em Évora, com a Siemens, como lembrou o dirigente sindical Manuel Correia), tal alteração trouxe consigo «elevados ritmos de trabalho e doenças profissionais», sem respeito sequer pelas pausas.
Quadro negro vive-se também no sector dos Transportes, onde «a bagunça é total», segundo Vítor Pereira, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, que lembrou os frequentes horários de 12, 13 e 14 horas feitos pelos motoristas, dado receberem em função dos quilómetros efectuados, não havendo controlo do tempo de descanso.
No sector de passageiros, por sua vez, o que interessa é pôr os motoristas a trabalhar nas horas de ponta, mesmo que isso os obrigue a ficar à disposição da empresa durante 12 e mais horas, como sublinhou Ricardo Cunha, da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, que denunciou ainda a circunstância de os trabalhadores só disporem de uma folga semanal a que acresce o não pagamento das horas extra.
Sector com muitos problemas é também o do Comércio e Serviços, onde todos os expedientes dos patrões obedecem à mesma lógica de reduzir a remuneração dos trabalhadores. Exemplo é o Matadouro de Beja onde, a pretexto dos picos de produção, foi criado um «banco de horas» que é na prática trabalho gratuito, como referiu Manuel Guerreiro, do CESP, que assinalou que tão grave quanto a sua duração é a «organização dos horários», o que interfere de forma brutal na vida pessoal dos trabalhadores.
Na restauração e hotelaria, por sua vez, o cenário não é melhor. A pretexto da crise, assiste-se a uma tentativa de «redução de pessoal, à intensificação dos ritmos de trabalho e ao aumento da carga horária», informou Rudolfo Caseiro, que asseverou ser a área das cantinas aquela onde ocorrem «maiores injustiças», com jornadas de 12 e 14 horas, em que «as mulheres não têm vida própria».
Os efeitos da chamada «adaptabilidade» começam a sentir-se também na administração local, realçaram os representantes do STAL, que puseram em evidência como aquele regime subverte esse princípio subjacente à administração pública que é o de a rentabilidade não estar acima dos interesses da população.
Horários ilegais são também praticados nos CTT, onde ocorrem intervalos de descanso superiores a quatro horas, persistindo também problemas ao nível das escalas, tudo isto numa empresa onde, apesar de tudo, após dois anos de luta, os trabalhadores obtiveram uma importante vitória ao assinarem um acordo em que saíram derrotadas pretensões da administração.
Da União dos Sindicatos de Lisboa, pela voz de Libério Domingos, veio o alerta para esta ambição do patronato que é não só «decidir sobre o tempo de trabalho mas também sobre o tempo de descanso», isto é, de «querer a vida toda dos trabalhadores».
Em representação da Comissão de Trabalhadores da Lisnave, Ricardo Malheiro trouxe à audição a informação de que na empresa os trabalhadores saídos da formação já estão a ser confrontados com a adaptabilidade na assinatura do contrato, revelando que são obrigados a fazer cem horas extraordinárias por ano para a empresa e que só depois desse objectivo cumprido é que recebem horas extraordinárias.
Joaquim Dionísio, da CGTP, sublinhou que o principal problema é que «as pessoas estão profundamente desvalorizadas» e são encaradas como «meros instrumentos de trabalho».
O que conta são os lucros da empresa, observou, fazendo notar que quanto mais as pessoas trabalharem pelo mesmo ordenado menos ficarão a ganhar.